A pesquisa defende que as castanhas para exportação podem ser
esterilizadas por irradiação, através de feixes de electrões, em
vez da habitual esterilização por água quente. A técnica já foi
confirmada na União Europeia para outros alimentos. Falta testar
na castanha se, além de eliminar bolores, se mantém a qualidade,
o sabor e as características do fruto.
A equipa de investigação inclui o grupo de Micologia Aplicada do Centro de Engenharia Biológica e a Micoteca da UMinho, a empresa Agroaguiar , o Instituto Politécnico de Bragança e o Instituto Tecnológico e Nuclear. O projecto dura até 2013, tem apoio da Agência Portuguesa da Inovação e é financiado pelo Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN). Portugal produz mais de 30.000 toneladas de castanhas ao ano, sendo um terço para exportação (sobretudo Brasil, EUA e Canadá), o qual representa perto de 15 milhões de euros. Em Trás-os-Montes recolhe-se 85% da produção do país.
A UE proíbe desde 2010 a desinfecção da castanha por brometo de metilo, que não é maléfico na saúde humana mas prejudica a camada de ozono. Em alternativa, utiliza-se a esterilização por água quente, que os cientistas consideram algo dispendiosa, demorada e não totalmente eficaz. É que o método obriga à secagem cuidada da castanha, sob pena de esta deteriorar aquando do transporte para o estrangeiro, dificultando as remessas para países distantes. O concurso FOOD I&DT, no qual o projecto CHESTNUTSRAD foi distinguido, esteve integrado no salão Alimentaria & Horexpo 2011, o maior evento nacional nos ramos da alimentação, distribuição e hotelaria. O concurso destinou-se a projectos de I&DT provenientes de entidades científicas e tecnológicas ou de empresas parceiras, com um grau de inovação diferenciador a nível nacional e internacional e com elevado potencial de mercado.
Comer castanha assada todo o ano
A castanha está a ganhar relevo na economia transmontana e têm sido realizados vários estudos pioneiros. A investigadora Paula Rodrigues, do Politécnico de Bragança, defendeu recentemente na Universidade do Minho a sua tese de doutoramento em Engenharia Química e Biológica, com o tema "Mycobiota and aflatoxigenic profile of Portuguese almonds and chestnuts from production to commercialisation" . Deste estudo encontrou-se duas novas espécies para a ciência, do fungo Aspergillus, que foram submetidas para publicação internacional e estão depositadas na Micoteca da UMinho, na sua forma activa e em exscicata.
A inovação sobre este alimento já permite termos também castanha assada ultracongelada pronta a comer em qualquer dia do ano - basta aquecer cinco minutos no forno ou micro-ondas. A castanha já assada sai embalada em vácuo de uma empresa de Vila Pouca de Aguiar e a novidade está a ter sucesso nos EUA. Acredita-se que este produto "gourmet" possa em breve substituir nos cafés os típicos tremoços e amendoins.
Mais informações
Prof. Armando Venâncio
Tel.: 253604413 | E-mail: avenan@deb.uminho.pt
(Pub.Abr/2011)