Luís Filipe Lobo-Fernandes, professor catedrático da Universidade do Minho e director do doutoramento em Ciência Política e Relações Internacionais da instituição, foi escolhido por um júri internacional para ser o próximo Calouste Gulbenkian Fellow na School of Advanced International Studies (SAIS) da Johns Hopkins University, em Washington, EUA. Trata-se de um dos mais prestigiados e exclusivos institutos de pesquisa a nível mundial na área dos estudos internacionais, localizado a menos de mil metros da Casa Branca. O trabalho, no âmbito da sua licença sabática, intitula-se ?As relações União Europeia-Estados Unidos depois do Tratado de Lisboa: a nova agenda transatlântica? e decorrerá entre 1 de Outubro de 2010 e 30 de Junho de 2011.
A bolsa, que corresponde a 50.000 dólares, é uma das mais valiosas atribuídas nos EUA a investigadores portugueses. Cumpre referir que esta é uma única bolsa, tendo o docente da UMinho competido com muitos candidatos de elevada craveira. ?Embora com grande humildade, vejo na distinção o reconhecimento definitivo do meu trabalho nesta área em Portugal, onde fui um dos pioneiros?, disse Lobo-Fernandes, que ontem, 2 de Agosto, foi expressamente recebido em Lisboa pelo novo embaixador dos EUA em Portugal, Allan Katz.
Lobo-Fernandes, que já tinha sido alvo de um honroso convite em 2008 pelo Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, para orientar a sua tese de doutoramento sobre a reforma do sistema da ONU, vê assim a sua investigação reconhecida ao mais alto nível. O professor da UMinho foi sempre um dos mais activos e entusiastas promotores da área científica das Relações Internacionais, como aluno da licenciatura (1977-82) e ulteriormente como docente da UMinho (1984-). Logo que terminou a licenciatura, foi escolhido pelo então Presidente da República Ramalho Eanes para realizar um estágio no Palácio de Belém, experiência que o marcou ?profundamente? e onde foi colega de Ana Gomes, Carlos Gaspar, Joaquim Aguiar e Manuel Lobo Antunes, entre outros.
Prémio dedicado a Craveiro da Silva e Acílio Rocha
Lobo-Fernandes dedica a presente distinção aos professores Lúcio Craveiro da Silva e Acílio Rocha, de quem se considera discípulo e continuador, tendo, aliás, sido aluno de ambos. Destaca nestas duas referências intelectuais ?o espírito livre, a lucidez crítica e os extraordinários exemplos de vida?. ??Sem liberdade de espírito não há ideias novas e nada se inventa?, dizia-me várias vezes o professor Lúcio?, referiu Lobo-Fernandes.
Ao longo de quase trinta anos de exercício docente na UMinho, Luís Lobo-Fernandes evidenciou-se pelo seu espírito de iniciativa, tendo contribuído decisivamente para a criação do Centro de Documentação Europeia (CDEUMINHO), em 1986, ano da entrada de Portugal na CEE (foi um dos primeiros centros de informação no país). Seria ainda responsável pela criação, em 2001, da Biblioteca Depositária das Nações Unidas na UMinho, que é uma das duas únicas universidades portuguesas com aquele estatuto. É autor e co-autor de mais de 150 publicações, sendo de destacar o estudo que escreveu para a primeira edição portuguesa da ?História da Guerra do Peloponeso? de Tucídides.
Realce também para os seus inúmeros estudos sobre as múltiplas vertentes da integração europeia e os pareceres e estudos que elaborou a pedido da Assembleia da República ou do ex-Presidente da República Jorge Sampaio. Lobo-Fernandes é ainda um dos poucos académicos da UMinho detentor de uma cátedra internacional: a cátedra Jean Monnet de Integração Política Europeia, que foi atribuída pela Comissão Europeia em 2004, por concurso público mundial. O investigador é fundador e sócio nº 1 da Associação Nacional dos Profissionais de Relações Internacionais (ANPRI), membro da American Political Science Association (APSA) desde 1991 e fundador da Associação Portuguesa de Ciência Política (APCP).
(Pub. Ago/2010)