Como é habitual, o mês de Maio trouxe mais uma edição das
Monumentais Festas do Enterro da Gata, este ano com o tema "Gata
D´Assalto", alusivo ao clima de insegurança que se vive na zona
envolvente do Campus de Gualtar, bem como do "assalto" aos bolsos
dos estudantes, por via das propinas. Depois da morte da dita, do
Velório e da Serenata na Sexta-feira, dia 7, foi a vez de se
fazer um Enterro condigno, ao longo de uma semana, para que todos
os azares se afastem dos estudantes. No final, nada como um
arraial minhoto, no Santoínho, para garantir que a Gata foi mesmo
de vez...
"O balanço é muito positivo. É o meu segundo ano na AAUM,
considero que no ano passado as festas correram bem, mas este ano
melhorámos alguns aspectos. Tentámos melhorar um pouco os pontos
positivos, ao mesmo tempo que tentámos colocar a 100% o que tinha
corrido menos bem. Um melhor conhecimento do recinto também
permitiu ultrapassar algumas dificuldades verificadas no ano
passado."
O tema da edição deste ano do Enterro foi polémico, mas isso não
foi por acaso. "A nossa intenção era criar grande impacto à volta
deste tema. Os estudantes estão tristes e indignados com a
insegurança e com o valor a que as propinas chegaram. Conseguimos
falar de coisas muito sérias, mas num tom leve. Sinto que
conseguimos transmitir a mensagem. Vamos continuar a lutar. Quem
esteve no recinto, na Quarta-feira, reparou, com certeza, que até
os Homens da Luta se associaram ao nosso protesto, fazendo uma
música alusiva ao tema."
Quanto ao cartaz, alvo de grandes polémicas, já que é impossível
agradar a toda gente, também mereceu o elogio do sempre exigente
público. "As bandas surpreenderam muitas pessoas. Quando o cartaz
foi divulgado, muitas pessoas "torceram o nariz". O que é certo é
que, ao longo do Enterro da Gata, várias foram as pessoas que
mostraram o seu agrado para com os espectáculos. Tentámos fazer
um cartaz mais equilibrado, ao longo de toda a semana, em vez de
apostar tanto em um ou dois dias. Os comentários mais
recorrentes, por parte do público, foram mesmo sobre o equilíbrio
do cartaz. Muitas pessoas disseram que tinham dificuldade em
escolher os dias em que não iam ao Enterro da Gata."
Esta é sempre uma festa muito concorrida. A edição deste ano não
foi excepção. "Estiveram, ao longo dos sete dias, cerca de 75 mil
pessoas no recinto. Mesmo com alguma chuva, tivemos o mesmo
público que costumamos ter. Há muitos anos que não estavam tantos
estudantes no recinto na noite de quarta-feira, só para dar um
exemplo. Quarta, quinta e sexta-feira foram os dias com mais
gente. Na última noite estiveram cerca de 18 mil pessoas no
recinto."
Houve ainda algumas novidades, reservadas pela AAUM, para a
edição deste ano do Enterro da Gata. "Apostámos na zona radical,
que teve a estreia no ano passado e que foi aumentada, neste ano.
Como o público tinha gostado da experiência, resolvemos aumentar
a dimensão e a oferta do espaço. Esse facto até ajudou a que o
recinto tenha ficado com mais espaço livre, nos dias de maior
afluência."
Naquele que já é o terceiro ano como palco para as festividades,
o Estádio AXA parece ser a casa por que a AAUM tanto procurou. "O
salto qualitativo é muito grande, neste recinto. As relações
institucionais com a Câmara Municipal e com o Sporting de Braga
facilitam a nossa utilização daquele espaço. Estamos muito
contentes com o local. Pode ser mais longe do Campus, mas a AAUM
disponibiliza transporte, de forma a garantir a presença em
grande número e em segurança, por parte dos estudantes. O público
tem respondido de forma muito afirmativa a este serviço que
colocámos à disposição de todos. Das 21:30 até às 07:00 da manhã,
houve sempre transporte garantido."
Um dos artistas convidados aproveitou para deixar uma nota
de grande apreço pela Academia minhota. "A Daniela Mercury adorou
o Enterro da Gata. Pedimos para fazer um percurso com os alunos,
ao longo do qual ela iria contactar com diferentes grupos
culturais. Depois de os conhecer, teve até alguma dificuldade em
deixá-los, para ir para o concerto... Esse reconhecimento também
se verificou durante o concerto, uma vez que chamou ao palco a
Tuna Universitária do Minho, o Coro Académico da Universidade do
Minho e os Bomboémia. É um grande reconhecimento para a Academia.
Nenhum artista tinha feito isso, em edições
anteriores."
Quanto ao futuro destas festividades, Marisa Ribeiro deixa
algumas ideias. "É importante continuar e evoluir, como
organização. Ainda há muito para descobrir e para evoluir, dentro
daquele espaço. Já fizemos alterações este ano e, em futuras
edições, há sempre aspectos que se podem melhorar. Esta é uma
grande aposta da AAUM, mas sempre com os pés bem assentes no
chão. O Enterro da Gata é já uma imagem de marca da associação
académica. Há uns anos atrás, pouco se ouvia falar destas festas.
Agora estamos entre as melhores semanas académicas do
país."
Depois
de uma semana de grande euforia, chega a fase final do ano
lectivo. Mas fica uma certeza: para o ano, voltaremos a enterrar
a Gata!
Texto: João Nogueira
Dias
(Pub. Jun/2010)