De olhos vendados, os participantes do "Jantar Multissensorial", organizado pelo Departamento Alimentar dos SASUM em cooperação com o Gabinete de Apoio ao Estudante com Deficiência (GAED), foram desafiados a distinguir sabores, objectos, reconhecer cheiros e superar dificuldades como, conseguir pegar num copo, levar um garfo à boca ou distinguir vinho tinto de branco.
O "Jantar Multissensorial" foi uma experiência alimentar inédita
na UMinho que explorou todos os canais sensoriais excepto a
visão.
A ideia desta acção surgiu da parte do GAED na pessoa da Dr.ª
Sandra Rodrigues, invisual, Sandra refere que "ser cego nunca é
fácil, exige adaptação a várias situações que estão pensadas para
serem feitas com a visão (...) falta algum trabalho de inclusão".
Na UMinho, o GAED onde trabalha, "promove o acesso dos nossos
estudantes com deficiências visuais a materiais de estudo e a
tecnologias que lhes permita possuir condições de sucesso
académico".
Decorrido no passado dia 6 de Novembro no Restaurante Panorâmico
da UMinho, o evento teve como objectivo, segundo uma das
responsáveis do DA, Lídia Parente "a sensibilização para a
exploração dos sentidos (olfacto, do tacto e do paladar) excepto
a visão, como forma de perceber o seu valor, para além dos
participantes poderem percepcionar a realidade de uma pessoa
invisual". As dificuldades de uma pessoa com deficiência visual
são muitas no dia-a-dia e durante as refeições elas são também
claras, sendo outro dos objectivos "perceber as dificuldades de
uma pessoa com deficiência visual numa refeição, bem como as
estratégias de as ultrapassar". O evento foi sobretudo uma
oportunidade para aqueles que têm visão perceberem como muitas
vezes se esquecem de potenciar todos os seus outros sentidos,
pelo que, e para uma maior vivencia da realidade invisual os
participantes utilizaram uma venda nos olhos, tendo o auxílio de
um guia, que garantiu a mobilidade e a orientação de todos.

A ideia e segundo a sua obreira "não foi uma iniciativa de todo
inovadora (...) pensei que seria interessante voltar a pegar
nesta ideia e torná-la mais desmistificadora, ao mesmo tempo
informativa e divertida". Apesar da seriedade do tema, o ambiente
foi de total descontracção e divertimento. Desmistificou-se um
pouco a dificuldade permanente em que vivem os cegos, tendo-se
alcançado uma compreensão acerca da qualidade de vida que é
possível ter, sendo que esta depende também do espírito e da
forma de encarar a vida da parte de cada um.
Presentes estiveram cerca de 30 pessoas, dos 16 participantes
ninguém era invisual, pois segundo Lídia Parente "o objectivo era
precisamente ter a experiência da cegueira para melhor perceber e
poder ajudar os invisuais."
A curiosidade, a vontade de aprendizagem do "outro mundo", o
experienciar o mundo dos invisuais e a descoberta do potencial
dos nossos sentidos aquando da inibição de um deles (visão) foi o
principal motivo que levou as pessoas a aderir ao evento. Segundo
uma das participantes, Lurdes Conceição "foi uma experiencia
muito enriquecedora, é como caminhar no vazio (...) deu para ter
uma percepção da realidade dos invisuais e aprender algumas
técnicas por eles utilizadas".
Para Sandra Rodrigues a iniciativa não podia ter corrido melhor,
"estavam todos extremamente empenhados em descobrir esta
experiência e foi com entusiasmo que enfrentaram o desafio".
O evento englobou para além de conversas sobre o tema, provas com
os olhos vendados, tais como distinguir uma lata de cerveja de
uma lata de sumo, uma garrafa de vinho branco de uma garrafa de
vinho tinto ou uma lata de atum de uma lata de sardinha em
conserva, etc. Sendo ainda abrilhantado com uma reflexão (feita
pela Dr.ª Sandra Rodrigues) e música.
Uma das conclusões que se puderam retirar é que "a visão é um
sentido muito redutor que nos faz esquecer os outros sentidos".
No final já se perguntava "para quando uma 2º edição?" e segundo
a Directora do DA, Celeste Pereira "este tipo de eventos será
certamente para repetir. Todas as iniciativas que envolvam temas
tão interessantes, social e culturalmente como este, o DA estará
sempre disponível".
Para qualquer esclarecimento adicional, por favor contactar:
Ana Marques
tel.: 253604122;
(Pub. Nov/2009)