Segundo Nota Informativa, foi criado por despacho Reitoral de 15/07/09 na Universidade do Minho (UM) um grupo de trabalho para a preparação e continua actualização do Plano de Contingência para a pandemia da Gripe prevista pela Organização Mundial de Saúde e Direcção Geral de Saúde. O grupo de trabalho coordenado pelo Pró-reitor João Monteiro, tem o Plano feito desde Julho, cujo objectivo é assegurar o funcionamento da instituição nas melhores condições em caso de pandemia.
O UMdicas foi conversar com o responsável e saber do que consta
este Plano, o que já foi e está a ser feito, bem como saber a sua
opinião quanto a este caso de saúde pública. Presentemente apenas
algumas medidas foram implementadas e outras estão em curso no
que se refere à prevenção, o Plano propriamente dito só será
activado em caso de pandemia e por instruções superiores. Como
nos refere o responsável "não devem haver atitudes alarmistas,
pois apenas contribuem para instalar o pânico".
UMdicas - A UMinho tem preparado algum plano de
contingência de combate à gripeA?
João Monteiro -
A UMinho já tem preparado um
plano de contingência desde Julho, que foi um plano de
contingência por excesso (em termos de cautelas). Será de notar,
neste contexto, que um plano de contingência é um documento
dinâmico, que tem que se ir adaptando à realidade.
O que está a acontecer, neste momento, é que há muita especulação
e muito exagero sobre o que é a gripe A. Como se tem visto,
muitas personalidades de renome com conhecimento sobre estes
assuntos de saúde já dizem que esta gripe é menos perigosa que a
gripe do ano passado. A gripe sazonal matou, o ano passado, 8000
pessoas, este ano ainda não matou ninguém em Portugal. O único
problema desta gripe é que se transmite com alguma facilidade.
Quais são os principais objectivos do Plano?
Garantir que tudo funcione, dentro do que for possível, da melhor
forma possível. Os planos de contingência existem para minorar o
contágio da Gripe A e as consequências de uma eventual pandemia.
É o caso das aulas, por exemplo, podemos ter aulas à distância,
alterar calendários escolares, etc.. O encerramento de
instalações não está previsto e uma decisão de encerrar resultará
sempre de uma determinação superior.
Quais foram as linhas de orientação seguidas?
Temos permanentemente um grupo de trabalho, com oito pessoas, em
funcionamento. Este grupo é liderado por mim e inclui os Serviços
de Acção Social (SASUM), os Serviços Académicos (SAUM), o
Gabinete de Relações Internacionais (GRI), a Escola de Enfermagem
(ESE), a Escola de Ciências da Saúde (ECS), a Direcção de
Recursos Humanos (DHR) e os Serviços Técnicos (STEC).
O que fizemos foi enviar um questionário a todos os Serviços e
Escolas, cujas respostas constituem a base do próprio plano de
contingência, ajudando a definir o que será possível, ou não,
fazer. A título de exemplo, Serviços como o Gabinete de Sistemas
de Informação (GSI), Serviço de Apoio Informático à Aprendizagem
(SAPIA) ou o Serviço de Comunicações (SCOM), não podem parar,
seja através da afectação de novos recursos, seja com trabalho à
distância. Existem também requisitos específicos para cada
Escola. Para as secretarias funcionarem pode haver rotação de
funcionários. O plano geral é, em grande medida, a compilação dos
planos individuais de cada Serviço e Escola, incluindo depois
questões mais globais.
No que toca a um possível encerramento, e como já referi
anteriormente, será sempre a Reitoria a decidir, conforme
especificações do Ministério da Saúde.
Em termos de actuação, quais são ou vão ser as principais
medidas adoptadas?
Como medidas, procedemos à colocação do gel (desinfectante) nas
instalações, à utilização de novos produtos por parte da empresa
de limpeza. Vão agora começar a ser colocados os toalhetes, e
estamos a tentar manter as portas de acesso às casas de banho
abertas, por causa das maçanetas. As maçanetas das portas e o ar
condicionado não facilitam a prevenção mas, se for detectado
algum foco, prevê-se que toda a ventilação seja desligada. Isto
poderá levar a que alguns trabalhos (científicos ou pedagógicos)
tenham que ser interrompidos, etc. De qualquer modo, estamos cá
para analisar as situações caso a caso.
È também importante referir o cuidado que se deve ter com
objectos muito partilhados, como é o caso dos teclados (dos
computadores, dos pontógrafos, etc.) e dos ratos. As pessoas
devem ter o cuidado de depois da utilização dos mesmos lavar as
mãos.
Produtos como o pó desinfectante para as mãos poderão também vir
a ser utilizados mas, nesta fase, ainda não vemos a necessidade
de recorrer a essas medidas.
Está prevista alguma medida de emergência?
Medidas de emergência adicionais para o caso da gripe A serão
sempre tomadas na sequência do que vier a ser indicado pelo
Ministério da Saúde. Não podemos, por exemplo, obrigar ninguém a
não estar presente no seu local de trabalho. Podemos apelar ao
civismo das pessoas e, se alguém com suspeita de contágio estiver
no seu local de trabalho, pedir uma junta médica, que terá a
competência, que nós não temos, para determinar alguma coisa.
Uma outra medida de emergência passa pelo facto dos SASUM terem
já previstos locais para, se for necessário, os alunos deslocados
poderem estar de quarentena. Neste contexto, será naturalmente
assegurada a sua alimentação e acompanhamento mas, mais uma vez -
e apesar de estar certo de que poderemos contar com a melhor
colaboração de todos - não poderemos obrigar as pessoas que não
quiserem lá ficar a fazê-lo. Temos também previsto, no plano de
contingência, e em casos extremos, a possibilidade de utilizar os
recursos da Universidade, como os recursos humanos (alunos e
docentes) da enfermagem e da medicina, para administrar vacinas,
fazer algumas intervenções, etc.
Temos para a semana o Acolhimento aos novos alunos. Vão
haver medidas específicas para esta situação?
Desde logo, vai haver a distribuição de panfletos a toda a
comunidade académica, por decisão central do Ministério da Saúde,
que os distribuiu a todas as universidades. Estamos a encetar
esforços para que estes panfletos sejam distribuídos via
directores de curso, com o objectivo de serem distribuídos, não
só aos novos alunos, mas a toda a comunidade académica, incluindo
alunos e não alunos.
Em relação às praxes, há alguma proibição ou alteração
imposta?
Para evitar na recepção aos novos alunos que a UM faz foi
difundida já uma circular. Por outro lado, e no âmbito da
responsabilidade cívica individual, quem assistir a situações que
possam ser propícias à propagação da gripe, deve alertar para a
situação, quer as pessoas envolvidas quer, se a situação se
mantiver, a Reitoria, que tomará as devidas medidas. Isto pode, e
deve, ser feito por parte de qualquer docente ou funcionário,
porque se trata de uma questão que exige responsabilidade
colectiva.
Tem conhecimento dos casos existentes até agora na
UMinho?
Até agora, o único caso identificado formalmente foi aquele que é
já do conhecimento geral, e que foi divulgado nos jornais e
televisões, de um aluno estrangeiro, brasileiro, que foi
contagiado em Espanha, penso que em Junho ou Julho. Neste momento
o aluno está curado e não houve qualquer problema de maior. Este
foi o único caso conhecido até agora, apesar de não ser
impossível que outras pessoas ligadas à Universidade possam ter
tido esta gripe, por exemplo, durante o período de férias.
Neste contexto, reitero que é importante é fixar o
seguinte: a gripe A transmite-se rapidamente mas o nível de
perigosidade é dos mais baixos que há. A pior coisa que pode
haver é pânico; não serve de nada.
Que mensagem quer deixar à Academia?
Acredito que não há qualquer razão para pânico. Temos medidas
tomadas, houve reforço de limpeza e foi assegurado detergente
adequado para a lavagem das mãos, que é o mais importante. Por
outro lado, todas as declarações que temos ouvido das entidades e
personalidades ligadas aos sectores da saúde vão no sentido de
combater o alarmismo.
Mais informações em:
Texto: Ana Coimbra
Fotografia: Nuno Gonçalves
(Pub. Set./2009)