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Academia, 16.09.2009
Acolhimento aos novos alunos – o que podes esperar destes primeiros dias na UMinho
UMinho
A entrada na Universidade é um momento muito importante na vida do estudante. Com a publicação dos resultados das candidaturas para ingresso no Ensino Superior no passado sábado às 00h00 teve início, para muitos milhares de estudantes uma nova etapa de vida, dinâmica e motivadora. O UMdicas foi ao encontro de alguns responsáveis de cursos e responsáveis pelo Programa de Acolhimento e tentar saber o que os novos alunos podem esperar para este ano.
A transição para o Ensino Superior põe os jovens frente a novos desafios e novas dificuldades, aos quais a universidade tenta responder da melhor forma, ajudando e facilitando este momento que deve ser de alegria para todos os novos "residentes" desta Academia. 
A UMinho tem preparado um Programa de Acolhimento e Acompanhamento dos alunos do 1º ano, um conjunto de actividades que privilegiam a inserção, a informação e o convívio, para assim facilitar a adaptação e o desenvolvimento destes jovens no inicio da sua vida universitária.
Testemunho da Prof. Doutora Rosa Vasconcelos, Presidente de Conselho de Cursos de Engenharia, que tem acompanhado o projecto de acolhimento desde a sua criação, em 2003.
Porque a criação deste programa?
A Universidade do Minho tem vindo a desenvolver, já há alguns anos, um Programa de Acolhimento e Acompanhamento dos alunos do 1º ano. Este Programa, fundado em análises e experiências realizadas a vários níveis no interior da Universidade, tem-se revelado adequado enquanto estratégia de resposta a dificuldades que se colocam aos alunos que pela primeira vez ingressam no ensino superior.
O Programa de Acolhimento surge como estratégia de resposta às dificuldades dos alunos que ingressam pela primeira vez no ensino superior. Quais foram as principais dificuldades observadas?
O Programa assume como objectivos principais dar a conhecer aos alunos os contextos em que vão desenvolver o seu trabalho e garantir um acompanhamento efectivo da sua actividade académica ao longo do primeiro ano, de modo a criar condições para que os seus níveis de desempenho sejam os melhores.
A necessidade de um Programa de Acolhimento e Acompanhamento torna-se hoje mais imperiosa também porque a generalização do "modelo de Bolonha", exige um acréscimo de informação sobre os moldes em que vão decorrer as actividades lectivas e uma atenção ainda maior a dificuldades eventualmente manifestadas pelos alunos.
O Programa de Acolhimento é constituído por duas vertentes (Acolhimento Institucional e Acolhimento Específico). Quais são as mais-valias de cada uma para os alunos?
O Programa de Acolhimento é constituído por um conjunto de actividades comuns a todos os alunos - Programa de Acolhimento Institucional - e um outro conjunto de actividades destinadas aos alunos de cada Curso - Programa de Acolhimento Específico.
Fazem parte do Programa de Acolhimento Institucional as seguintes acções: sessão de boas vindas presidida pelo Senhor Reitor; tarde cultural e recreativa, organizada pelos Serviços de Acção Social em colaboração com a Associação Académica ; almoço com os novos alunos, oferecido pela Reitoria e Serviços de Acção Social.
O Programa de Acolhimento Específico de cada Curso é da competência da Comissão Directiva ou da Comissão de Curso, sob a coordenação do respectivo Director, em articulação com o respectivo Conselho de Cursos. Este programa envolve, entre outras, as seguintes actividades: recepção dos novos alunos; apresentação aos alunos do Programa de Acolhimento Institucional e do Programa de Acolhimento Específico; apresentação dos objectivos e do plano de estudos do Curso, das metodologias de trabalho a adoptar e das actividades extracurriculares a desenvolver, com particular incidência no 1º ano do Curso; visitas guiadas a instalações e serviços.
O Programa tem como objectivos principais dar a conhecer aos alunos os contextos em que vão desenvolver a sua actividade académica ao longo do primeiro ano. Neste âmbito quais são as acções preparadas?
Os vários Conselhos de Cursos preparam uma recepção de boas-vindas aos seus alunos de 1º ano, onde os saúdam e mostram os campus . Os Directores de Curso também têm um papel preponderante na recepção pois explicam os recém chegados os seus planos curriculares e o funcionamento e orgânica da instituição, tentando integrá-los desde o primeiro dia na dinâmica da Universidade. No primeiro dia também decorre a recepção de boas-vindas do Sr. Reitor da UMinho no pavilhão gimnodesportivo de Gualtar. A Associação Académica da Universidade do Minho também prepara uma série de actividades importantes para a integração dos novos alunos, como mostrar-lhes a cidade em que vão estudar, proporcionando actividades lúdicas e facultando informações necessárias para a sua saudável adaptação à Academia Minhota.
O programa é um esforço de integração dos novos alunos por parte da UMinho. Porque é a questão da integração tão importante para a Academia?
A transição para o Ensino Superior tem apresentado várias dificuldades a alguns alunos. Esta transição é sobretudo desafiadora ao nível académico (novos ritmos e estratégias de aprendizagem e novos sistemas de avaliação), social (novos relacionamentos, separação de família, etc), pessoal (aumento do sentido de identidade, exigências de autonomia, desenvolvimento da intimidade e de uma visão pessoal do mundo) e vocacional (experimentação das escolhas e compromisso com objectivos educativos e/ ou profissionais enquadrados no curso). As expectativas dos alunos do 1º ano condicionam também a integração na Universidade, condicionando a qualidade da adaptação e o sucesso escolar dos estudantes.
A integração e o acolhimento não serão certamente tarefas que terminam após os primeiros dias. Que outras formas de integração podem esperar os alunos ao longo do ano?
O primeiro ano é reconhecidamente um ano importante no desenvolvimento pessoal dos alunos e na construção de competências e métodos de estudo que poderão determinar muito do seu sucesso académico. A definição e implementação das metodologias de acompanhamento dos novos alunos de cada Curso são, nesta medida, particularmente pertinentes.
A integração faz-se sobretudo através da participação em actividades extra-curriculares. A que tipo de actividades podem ter acesso os novos alunos na UMinho?
Compete a cada Comissão Directiva/Comissão de Curso, sob a coordenação do respectivo Director, conceber e desenvolver um Programa de Acompanhamento dos alunos do 1º ano do Curso. Este Programa poderá incluir, entre outras, as seguintes medidas: criação de um sistema de apoio tutorial e/ou da figura do docente responsável pelo acompanhamento dos alunos do 1º ano (professor coordenador); promoção de acções de formação ou cursos breves, com certificação; desenvolvimento de acções orientadas para a promoção de competências de leitura, de escrita e de comunicação oral, de gestão do estudo e da aprendizagem, entre outras entendidas como necessárias ao sucesso dos alunos no seu trabalho académico.
A participação nas actividades extracurriculares é também uma forma de valorização enquanto fazem o curso. Porque?
As actividades extracurriculares permitem aos alunos desenvolver competências ao nível pessoal e sociais muito valorizadas nas relações interpessoais e na transição para o mercado de trabalho. A Universidade do Minho, consciente da mais-valia que estas actividades podem amadurecer os seus alunos, desenvolveu um modelo de Suplemento ao Diploma onde fornece dados de actividades desenvolvidas pelos alunos enquanto estudantes desta instituição. O Suplemento ao Diploma proporciona uma descrição certificada sobre a natureza, nível, contexto, conteúdo e estatuto dos estudos efectuados e concluídos pelos estudantes. Reconhecendo a relevância do Suplemento ao Diploma, a Universidade do Minho emitirá gratuitamente o Suplemento, nas suas versões portuguesa e inglesa, apenso à respectiva Carta de Curso. O Suplemento ao Diploma será entregue anualmente, na Cerimónia de Entrega das Cartas de Curso, devendo a carta de curso ser requerida até ao final do mês de Janeiro de cada ano, de forma a permitir a emissão da referida carta e do respectivo Suplemento.
Testemunho do Professor Eugénio Silva, Director do Curso de Educação e Presidente do Conselho de Cursos de Educação e Psicologia.
O Programa de Acolhimento é constituído por duas vertentes (Acolhimento Institucional e Acolhimento Específico). Em termos das actividades destinadas aos alunos de cada Curso, como vão ser coordenadas dentro da Escola?
Cabe particularmente aos directores de curso a coordenação das actividades destinadas aos alunos. Estas foram programadas e serão asseguradas pelos directores de curso, em colaboração com a estrutura associativa dos alunos do curso ? o NEDUM.
O Programa tem como objectivos principais dar a conhecer aos alunos os contextos em que vão desenvolver a sua actividade académica ao longo do primeiro ano. Neste âmbito quais são as acções preparadas pela vossa direcção/Escola?
A direcção do curso preparou 2 sessões de esclarecimento para abordar: a natureza do curso (plano curricular, objectivos, perfil, componentes, resultados de aprendizagem), o Processo de Bolonha, o processo de ensino-aprendizagem e o processo de avaliação, pois são os aspectos mais importantes a conhecer logo de início como forma de ?clarificar as regras do jogo?. Foram preparadas visitas às instalações do Instituto de Educação e do campus universitário com relevância para a actividade dos alunos. Será entregue aos alunos o Guia do Curso, para se orientarem durante os anos de formação.
Qual costuma ser a receptividade dos alunos? No seu entender, eles sentem que isto é importante para o seu arranque no ensino superior?
Os alunos quando chegam à universidade, cheios de expectativa, ansiedade e alegria, deparam-se com muitas novidades. Serem recebidos por colegas dos anos mais avançados, colegas da AAUM, da associação de alunos do curso e pelo director do curso deixa boa impressão e reduz a ansiedade. Facilita a inserção e a adaptação a este meio totalmente diferente. Verificámos que têm reagido positivamente, mostrando-se menos inseguros e com vontade de ficar entre nós. Eles reconhecem que isso tem sido bom, por favorecer a sua adaptação que se torna mais rápida.
Porque é a questão da integração assumida pelas direcções de cursos como algo essencial para o bom desenvolvimento do aluno?
Porque se parte do princípio que, para além da motivação e expectativa que os alunos trazem, também transportam consigo inseguranças, receios e alguma imaturidade, sendo necessário proporcionar-lhes desde o início um ambiente acolhedor, caloroso e propício à sua actividade de modo a assegurar um bom rendimento. A universidade deve ser um espaço de partilha pelo que se devem criar laços afectivos, estilos de trabalho e condições favoráveis para que a aprendizagem seja eficaz.
Na sua opinião, o Processo de Bolonha veio trazer ainda mais dificuldades na integração dos novos alunos?
Veio trazer algumas dificuldades, decorrentes do aumento da sua responsabilidade (estudar mais, ser mais activo, apresentar trabalhos, acabar o curso, etc.). Isso gera ansiedade porque com os cursos de menor duração está-se pouco tempo na universidade e tem que se enfrentar mais cedo o mercado de trabalho. Como se exige mais dos alunos, eles têm menos tempo para o lazer e para cultivar os hobbies e as relações sociais. É tudo vivido quase a correr, sem tempo para apreciar a vida. Deste modo, os alunos estão constantemente sob pressão. Mas isso não significa que não tenham oportunidade de se integrar, que não possam conviver. Significa que isso é feito mediante a participação nas próprias actividades curriculares e extracurriculares que geram dinâmicas de grupo e interacções favoráveis à integração, que é sempre um processo demorado.
É sabido que a participação em actividades extra-curriculares é extremamente importante para a integração do aluno na vida académica. O que é feito pela vossa direcção/Escola para promover isto?
São organizados eventos académicos regulares (seminários, colóquios), jornadas estudantis e tertúlias asseguradas pelo NEDUM com apoio efectivo da direcção do curso e dos docentes, integração dos alunos na organização dos vários eventos, etc. Essas são as actividades possíveis face à disponibilidade dos alunos, dos docentes e dos meios que a universidade disponibiliza.
Em relação às praxes, qual a vossa opinião sobre estas enquanto forma de integração?
Reconhecemos as praxes como uma das formas de integração, como ritual iniciático de algum simbolismo para os novos alunos. Todavia, é necessário que elas se revistam de uma dimensão ética pautada pelo respeito pela dignidade dos caloiros, pelos valores da igualdade e democraticidade, para que tenham um efeito integrador e educativo. Logo, condenamos práticas abusivas, humilhantes e atentatórias que apenas contribuem para gerar um sentimento de revolta, de frustração e de desgosto por ter entrado e ter de frequentar uma universidade onde, a pretexto das praxes, se maltrata quem cá chega de novo.
Testemunho da Prof. Elisabete Oliveira, Conselho de Cursos de Ciências e Directora do curso de Optometria e Ciências da Visão.
O Programa de Acolhimento é constituído por duas vertentes (Acolhimento Institucional e Acolhimento Específico). Em termos das actividades destinadas aos alunos de cada Curso, como vão ser coordenadas dentro da Escola?
O plano de Acolhimento Específico dos alunos do 1º ano é elaborado por cada Presidente de Conselho de Curso em conjunto com as Direcções de Curso.
O Programa tem como objectivos principais dar a conhecer aos alunos os contextos em que vão desenvolver a sua actividade académica ao longo do primeiro ano. Neste âmbito quais são as acções preparadas pela vossa direcção/Escola?
O plano de Acolhimento Específico dos alunos do 1º ano consiste numa recepção de boas vindas a todos os alunos da Escola de Ciências, feita pelo Presidente do Conselho de Curso e pelo Presidente da Escola, ou de um seu representante, no primeiro dia de Acolhimento, seguida de uma recepção aos alunos de cada curso da responsabilidade de cada Direcção de curso. O programa de cada Direcção de curso pode diferir de Direcção de Curso para Direcção de curso, mas de um modo geral são usadas duas manhãs onde no 1º dia apresentam o seu programa de acolhimento, apresentam a sua comissão de o curso e ainda os objectivos do curso. O segundo dia do programa de Acolhimento de um modo geral é utilizado para apresentar os professores que irão leccionar as UC do 1º ano assim como uma apresentação sucinta das disciplinas do primeiro ano e ainda fazendo visitas guiadas aos laboratórios de ensino e investigação dos Departamentos
Qual costuma ser a receptividade dos alunos? No seu entender, eles sentem que isto é importante para o seu arranque no ensino superior?
Normalmente é muito boa e penso que eles têm considerado importante para o arranque e integração com os alunos e professores do seu curso.
Porque é a questão da integração assumida pelas direcções de cursos como algo essencial para o bom desenvolvimento do aluno?
Considere o papel do Director de Curso muito importante na integração dos alunos na Universidade, pois os alunos sabem a quem recorrer quando têm problemas específicos. Normalmente nas comissões de curso existem os coordenadores de ano que ajudarão o Director de Curso a resolver os problemas específicos dos alunos de um determinado ano.
Na sua opinião, o Processo de Bolonha veio trazer ainda mais dificuldades na integração dos novos alunos?
De facto o Processo de Bolonha veio introduzir uma entropia enorme. Devido ao facto dos Cursos pré-Bolonha terem uma duração mais longa e terem sido adequados a uma duração mais curta, tornou os processos de transição muito difíceis de resolver, tendo que ser resolvidos caso a caso. Este facto trouxe imensas dificuldades às Direcções de Curso pois para elaborar os processos de equivalência para cada aluno do curso é um processo demorado e muito delicado por vezes.
É sabido que a participação em actividades extra-curriculares é extremamente importante para a integração do aluno na vida académica. O que é feito pela vossa direcção/Escola para promover isto?
Penso que as actividades extra-curriculares são importantes, mas é aos alunos que compete saber organizar o seu tempo para poderem participar nessas actividades oferecidas pela Universidade. Existem programas de tutoria para os alunos do 1º ano com o objectivo de lhes serem proporcionadas competências de aprendizagem transversais em diversas áreas.
Em relação às praxes, qual a vossa opinião sobre estas enquanto forma de integração?
Acho que a praxe da forma como está a ser feita é mais prejudicial do que benéfica. Dura tempo de mais, prolongando-se no tempo, prejudicando o início do ano escolar.
Acolhimento aos alunos estrangeiros
A Universidade do Minho é uma das instituições de ensino superior a nível nacional com maior volume de mobilidade estudantil, no ano lectivo transacto acolheu mais de 400 estudantes estrangeiros.
Para eles também estão a ser preparadas um conjunto de actividades para lhe dar a conhecer a Universidade e fornecer-lhes toda a informação no intuito de facilitar a sua estada na UMinho e a auxiliar o processo de integração na nova comunidade académica.
O Acolhimento a estes estudantes é organizado pelo Gabinete de Relações Internacionais e tem a sua Cerimónia Oficial de Acolhimento agendada para o dia 7 de Outubro
Texto: Ana Coimbra
Fotografia: Nuno Gonçalves
Arquivo de 2009