A entrada na Universidade é um momento muito importante na vida do estudante. Com a publicação dos resultados das candidaturas para ingresso no Ensino Superior no passado sábado às 00h00 teve início, para muitos milhares de estudantes uma nova etapa de vida, dinâmica e motivadora. O UMdicas foi ao encontro de alguns responsáveis de cursos e responsáveis pelo Programa de Acolhimento e tentar saber o que os novos alunos podem esperar para este ano.
A transição para o Ensino Superior põe os jovens frente a novos
desafios e novas dificuldades, aos quais a universidade tenta
responder da melhor forma, ajudando e facilitando este momento
que deve ser de alegria para todos os novos "residentes" desta
Academia.
A UMinho tem preparado um Programa de Acolhimento e
Acompanhamento dos alunos do 1º ano, um conjunto de actividades
que privilegiam a inserção, a informação e o convívio, para assim
facilitar a adaptação e o desenvolvimento destes jovens no inicio
da sua vida universitária.
Testemunho da Prof. Doutora Rosa Vasconcelos, Presidente de
Conselho de Cursos de Engenharia, que tem acompanhado o projecto
de acolhimento desde a sua criação, em 2003.
Porque a criação deste programa?
A Universidade do Minho tem vindo a desenvolver, já há alguns
anos, um Programa de Acolhimento e Acompanhamento dos alunos do
1º ano. Este Programa, fundado em análises e experiências
realizadas a vários níveis no interior da Universidade, tem-se
revelado adequado enquanto estratégia de resposta a dificuldades
que se colocam aos alunos que pela primeira vez ingressam no
ensino superior.
O Programa de Acolhimento surge como estratégia de
resposta às dificuldades dos alunos que ingressam pela primeira
vez no ensino superior. Quais foram as principais dificuldades
observadas?
O Programa assume como objectivos principais dar a conhecer aos
alunos os contextos em que vão desenvolver o seu trabalho e
garantir um acompanhamento efectivo da sua actividade académica
ao longo do primeiro ano, de modo a criar condições para que os
seus níveis de desempenho sejam os melhores.
A necessidade de um Programa de Acolhimento e Acompanhamento
torna-se hoje mais imperiosa também porque a generalização do
"modelo de Bolonha", exige um acréscimo de informação sobre os
moldes em que vão decorrer as actividades lectivas e uma atenção
ainda maior a dificuldades eventualmente manifestadas pelos
alunos.
O Programa de Acolhimento é constituído por duas
vertentes (Acolhimento Institucional e Acolhimento Específico).
Quais são as mais-valias de cada uma para os alunos?
O Programa de Acolhimento é constituído por um conjunto de
actividades comuns a todos os alunos - Programa de
Acolhimento Institucional - e um outro conjunto de
actividades destinadas aos alunos de cada Curso - Programa
de Acolhimento Específico.
Fazem parte do Programa de Acolhimento Institucional as seguintes
acções: sessão de boas vindas presidida pelo Senhor Reitor; tarde
cultural e recreativa, organizada pelos Serviços de Acção Social
em colaboração com a Associação Académica ; almoço com os novos
alunos, oferecido pela Reitoria e Serviços de Acção Social.
O Programa de Acolhimento Específico de cada Curso é da
competência da Comissão Directiva ou da Comissão de Curso, sob a
coordenação do respectivo Director, em articulação com o
respectivo Conselho de Cursos. Este programa envolve, entre
outras, as seguintes actividades: recepção dos novos alunos;
apresentação aos alunos do Programa de Acolhimento Institucional
e do Programa de Acolhimento Específico; apresentação dos
objectivos e do plano de estudos do Curso, das metodologias de
trabalho a adoptar e das actividades extracurriculares a
desenvolver, com particular incidência no 1º ano do Curso;
visitas guiadas a instalações e serviços.
O Programa tem como objectivos principais dar a conhecer
aos alunos os contextos em que vão desenvolver a sua actividade
académica ao longo do primeiro ano. Neste âmbito quais são as
acções preparadas?
Os vários Conselhos de Cursos preparam uma recepção de
boas-vindas aos seus alunos de 1º ano, onde os saúdam e mostram
os campus
. Os Directores de Curso também têm um papel
preponderante na recepção pois explicam os recém chegados os seus
planos curriculares e o funcionamento e orgânica da instituição,
tentando integrá-los desde o primeiro dia na dinâmica da
Universidade. No primeiro dia também decorre a recepção de
boas-vindas do Sr. Reitor da UMinho no pavilhão gimnodesportivo
de Gualtar. A Associação Académica da Universidade do Minho
também prepara uma série de actividades importantes para a
integração dos novos alunos, como mostrar-lhes a cidade em que
vão estudar, proporcionando actividades lúdicas e facultando
informações necessárias para a sua saudável adaptação à Academia
Minhota.
O programa é um esforço de integração dos novos alunos
por parte da UMinho. Porque é a questão da integração tão
importante para a Academia?
A transição para o Ensino Superior tem apresentado várias
dificuldades a alguns alunos. Esta transição é sobretudo
desafiadora ao nível académico (novos ritmos e estratégias de
aprendizagem e novos sistemas de avaliação), social (novos
relacionamentos, separação de família, etc), pessoal (aumento do
sentido de identidade, exigências de autonomia, desenvolvimento
da intimidade e de uma visão pessoal do mundo) e vocacional
(experimentação das escolhas e compromisso com objectivos
educativos e/ ou profissionais enquadrados no curso). As
expectativas dos alunos do 1º ano condicionam também a integração
na Universidade, condicionando a qualidade da adaptação e o
sucesso escolar dos estudantes.
A integração e o acolhimento não serão certamente tarefas
que terminam após os primeiros dias. Que outras formas de
integração podem esperar os alunos ao longo do ano?
O primeiro ano é reconhecidamente um ano importante no
desenvolvimento pessoal dos alunos e na construção de
competências e métodos de estudo que poderão determinar muito do
seu sucesso académico. A definição e implementação das
metodologias de acompanhamento dos novos alunos de cada Curso
são, nesta medida, particularmente pertinentes.
A integração faz-se sobretudo através da participação em
actividades extra-curriculares. A que tipo de actividades podem
ter acesso os novos alunos na UMinho?
Compete a cada Comissão Directiva/Comissão de Curso, sob a
coordenação do respectivo Director, conceber e desenvolver um
Programa de Acompanhamento dos alunos do 1º ano do Curso. Este
Programa poderá incluir, entre outras, as seguintes medidas:
criação de um sistema de apoio tutorial e/ou da figura do docente
responsável pelo acompanhamento dos alunos do 1º ano (professor
coordenador); promoção de acções de formação ou cursos breves,
com certificação; desenvolvimento de acções orientadas para a
promoção de competências de leitura, de escrita e de comunicação
oral, de gestão do estudo e da aprendizagem, entre outras
entendidas como necessárias ao sucesso dos alunos no seu trabalho
académico.
A participação nas actividades extracurriculares é também
uma forma de valorização enquanto fazem o curso. Porque?
As actividades extracurriculares permitem aos alunos desenvolver
competências ao nível pessoal e sociais muito valorizadas nas
relações interpessoais e na transição para o mercado de trabalho.
A Universidade do Minho, consciente da mais-valia que estas
actividades podem amadurecer os seus alunos, desenvolveu um
modelo de Suplemento ao Diploma onde fornece dados de actividades
desenvolvidas pelos alunos enquanto estudantes desta instituição.
O Suplemento ao Diploma proporciona uma descrição certificada
sobre a natureza, nível, contexto, conteúdo e estatuto dos
estudos efectuados e concluídos pelos estudantes. Reconhecendo a
relevância do Suplemento ao Diploma, a Universidade do Minho
emitirá gratuitamente o Suplemento, nas suas versões portuguesa e
inglesa, apenso à respectiva Carta de Curso. O Suplemento ao
Diploma será entregue anualmente, na Cerimónia de Entrega das
Cartas de Curso, devendo a carta de curso ser requerida até ao
final do mês de Janeiro de cada ano, de forma a permitir a
emissão da referida carta e do respectivo Suplemento.
Testemunho do Professor Eugénio Silva, Director do Curso de
Educação e Presidente do Conselho de Cursos de Educação e
Psicologia.
O Programa de Acolhimento é constituído por duas
vertentes (Acolhimento Institucional e Acolhimento Específico).
Em termos das actividades destinadas aos alunos de cada Curso,
como vão ser coordenadas dentro da Escola?
Cabe particularmente aos directores de curso a coordenação das
actividades destinadas aos alunos. Estas foram programadas e
serão asseguradas pelos directores de curso, em colaboração com a
estrutura associativa dos alunos do curso ? o NEDUM.
O Programa tem como objectivos principais dar a conhecer
aos alunos os contextos em que vão desenvolver a sua actividade
académica ao longo do primeiro ano. Neste âmbito quais são as
acções preparadas pela vossa direcção/Escola?
A direcção do curso preparou 2 sessões de esclarecimento para
abordar: a natureza do curso (plano curricular, objectivos,
perfil, componentes, resultados de aprendizagem), o Processo de
Bolonha, o processo de ensino-aprendizagem e o processo de
avaliação, pois são os aspectos mais importantes a conhecer logo
de início como forma de ?clarificar as regras do jogo?. Foram
preparadas visitas às instalações do Instituto de Educação e do
campus universitário com relevância para a actividade dos alunos.
Será entregue aos alunos o Guia do Curso, para se orientarem
durante os anos de formação.
Qual costuma ser a receptividade dos alunos? No seu
entender, eles sentem que isto é importante para o seu arranque
no ensino superior?
Os alunos quando chegam à universidade, cheios de expectativa,
ansiedade e alegria, deparam-se com muitas novidades. Serem
recebidos por colegas dos anos mais avançados, colegas da AAUM,
da associação de alunos do curso e pelo director do curso deixa
boa impressão e reduz a ansiedade. Facilita a inserção e a
adaptação a este meio totalmente diferente. Verificámos que têm
reagido positivamente, mostrando-se menos inseguros e com vontade
de ficar entre nós. Eles reconhecem que isso tem sido bom, por
favorecer a sua adaptação que se torna mais rápida.
Porque é a questão da integração assumida pelas direcções
de cursos como algo essencial para o bom desenvolvimento do
aluno?
Porque se parte do princípio que, para além da motivação e
expectativa que os alunos trazem, também transportam consigo
inseguranças, receios e alguma imaturidade, sendo necessário
proporcionar-lhes desde o início um ambiente acolhedor, caloroso
e propício à sua actividade de modo a assegurar um bom
rendimento. A universidade deve ser um espaço de partilha pelo
que se devem criar laços afectivos, estilos de trabalho e
condições favoráveis para que a aprendizagem seja eficaz.
Na sua opinião, o Processo de Bolonha veio trazer ainda
mais dificuldades na integração dos novos alunos?
Veio trazer algumas dificuldades, decorrentes do aumento da sua
responsabilidade (estudar mais, ser mais activo, apresentar
trabalhos, acabar o curso, etc.). Isso gera ansiedade porque com
os cursos de menor duração está-se pouco tempo na universidade e
tem que se enfrentar mais cedo o mercado de trabalho. Como se
exige mais dos alunos, eles têm menos tempo para o lazer e para
cultivar os hobbies
e as relações sociais. É tudo vivido
quase a correr, sem tempo para apreciar a vida. Deste modo, os
alunos estão constantemente sob pressão. Mas isso não significa
que não tenham oportunidade de se integrar, que não possam
conviver. Significa que isso é feito mediante a participação nas
próprias actividades curriculares e extracurriculares que geram
dinâmicas de grupo e interacções favoráveis à integração, que é
sempre um processo demorado.

É sabido que a participação em actividades
extra-curriculares é extremamente importante para a integração do
aluno na vida académica. O que é feito pela vossa direcção/Escola
para promover isto?
São organizados eventos académicos regulares (seminários,
colóquios), jornadas estudantis e tertúlias asseguradas pelo
NEDUM com apoio efectivo da direcção do curso e dos docentes,
integração dos alunos na organização dos vários eventos, etc.
Essas são as actividades possíveis face à disponibilidade dos
alunos, dos docentes e dos meios que a universidade
disponibiliza.
Em relação às praxes, qual a vossa opinião sobre estas
enquanto forma de integração?
Reconhecemos as praxes como uma das formas de integração, como
ritual iniciático de algum simbolismo para os novos alunos.
Todavia, é necessário que elas se revistam de uma dimensão ética
pautada pelo respeito pela dignidade dos caloiros, pelos valores
da igualdade e democraticidade, para que tenham um efeito
integrador e educativo. Logo, condenamos práticas abusivas,
humilhantes e atentatórias que apenas contribuem para gerar um
sentimento de revolta, de frustração e de desgosto por ter
entrado e ter de frequentar uma universidade onde, a pretexto das
praxes, se maltrata quem cá chega de novo.
Testemunho da Prof. Elisabete Oliveira, Conselho de Cursos de
Ciências e Directora do curso de Optometria e Ciências da
Visão.
O Programa de Acolhimento é constituído por duas
vertentes (Acolhimento Institucional e Acolhimento Específico).
Em termos das actividades destinadas aos alunos de cada Curso,
como vão ser coordenadas dentro da Escola?
O plano de Acolhimento Específico dos alunos do 1º ano é
elaborado por cada Presidente de Conselho de Curso em conjunto
com as Direcções de Curso.
O Programa tem como objectivos principais dar a conhecer
aos alunos os contextos em que vão desenvolver a sua actividade
académica ao longo do primeiro ano. Neste âmbito quais são as
acções preparadas pela vossa direcção/Escola?
O plano de Acolhimento Específico dos alunos do 1º ano consiste
numa recepção de boas vindas a todos os alunos da Escola de
Ciências, feita pelo Presidente do Conselho de Curso e pelo
Presidente da Escola, ou de um seu representante, no primeiro dia
de Acolhimento, seguida de uma recepção aos alunos de cada curso
da responsabilidade de cada Direcção de curso. O programa de cada
Direcção de curso pode diferir de Direcção de Curso para Direcção
de curso, mas de um modo geral são usadas duas manhãs onde no 1º
dia apresentam o seu programa de acolhimento, apresentam a sua
comissão de o curso e ainda os objectivos do curso. O segundo dia
do programa de Acolhimento de um modo geral é utilizado para
apresentar os professores que irão leccionar as UC do 1º ano
assim como uma apresentação sucinta das disciplinas do primeiro
ano e ainda fazendo visitas guiadas aos laboratórios de ensino e
investigação dos Departamentos

Qual costuma ser a receptividade dos alunos? No seu
entender, eles sentem que isto é importante para o seu arranque
no ensino superior?
Normalmente é muito boa e penso que eles têm considerado
importante para o arranque e integração com os alunos e
professores do seu curso.
Porque é a questão da integração assumida pelas direcções
de cursos como algo essencial para o bom desenvolvimento do
aluno?
Considere o papel do Director de Curso muito importante na
integração dos alunos na Universidade, pois os alunos sabem a
quem recorrer quando têm problemas específicos. Normalmente nas
comissões de curso existem os coordenadores de ano que ajudarão o
Director de Curso a resolver os problemas específicos dos alunos
de um determinado ano.
Na sua opinião, o Processo de Bolonha veio trazer ainda
mais dificuldades na integração dos novos alunos?
De facto o Processo de Bolonha veio introduzir uma entropia
enorme. Devido ao facto dos Cursos pré-Bolonha terem uma duração
mais longa e terem sido adequados a uma duração mais curta,
tornou os processos de transição muito difíceis de resolver,
tendo que ser resolvidos caso a caso. Este facto trouxe imensas
dificuldades às Direcções de Curso pois para elaborar os
processos de equivalência para cada aluno do curso é um processo
demorado e muito delicado por vezes.
É sabido que a participação em actividades
extra-curriculares é extremamente importante para a integração do
aluno na vida académica. O que é feito pela vossa direcção/Escola
para promover isto?
Penso que as actividades extra-curriculares são importantes, mas
é aos alunos que compete saber organizar o seu tempo para poderem
participar nessas actividades oferecidas pela Universidade.
Existem programas de tutoria para os alunos do 1º ano com o
objectivo de lhes serem proporcionadas competências de
aprendizagem transversais em diversas áreas.
Em relação às praxes, qual a vossa opinião sobre estas
enquanto forma de integração?
Acho que a praxe da forma como está a ser feita é mais
prejudicial do que benéfica. Dura tempo de mais, prolongando-se
no tempo, prejudicando o início do ano escolar.
Acolhimento aos alunos estrangeiros
A Universidade do Minho é uma das instituições de ensino superior
a nível nacional com maior volume de mobilidade estudantil, no
ano lectivo transacto acolheu mais de 400 estudantes
estrangeiros.
Para eles também estão a ser preparadas um conjunto de
actividades para lhe dar a conhecer a Universidade e
fornecer-lhes toda a informação no intuito de facilitar a sua
estada na UMinho e a auxiliar o processo de integração na nova
comunidade académica.
O Acolhimento a estes estudantes é organizado pelo Gabinete de
Relações Internacionais e tem a sua Cerimónia Oficial de
Acolhimento agendada para o dia 7 de Outubro
Texto: Ana Coimbra
Fotografia: Nuno Gonçalves