Veja aqui toda a informação e saiba como decorreram as grandiosas festas do Enterro da Gata
Aceda aqui ao arquivo fotográfico do Enterro da Gata 08
Autógrafos dos grupos actuantes no
Enterro...........................................................................................
DownloadSábado - dia 1
As monumentais festas do Enterro da Gata começaram ontem, dia 10
de Maio, da melhor maneira. Numa altura em que a Associação
Académica da Universidade do Minho (AAUM) comemora trinta anos de
existência, milhares de estudantes rumaram até à Alameda do
Estádio AXA, em Braga, para estrear o novo gatódromo e assistir
aos concertos de Jorge Palma e do rapper
brasileiro
Gabriel o Pensador. Apesar da ameaça de chuva, a gata acabou por
não se molhar, mas, mesmo assim, saiu escaldada.
Gabriel o Pensador: ''Os estudantes são um público
especial''
As festas académicas ''são momentos que ultrapassam um simples
show de música. Têm uma energia no ar muito bonita, muito forte,
das pessoas que estão se formando, das pessoas que estão
chegando, das pessoas que estão voltando para matar as saudades
de onde estudaram.'' Foi desta maneira que Gabriel o Pensador
descreveu o ambiente que se vive em palcos como o do Enterro da
Gata. De passagem por Portugal para uma mini-digressão de dois
concertos, o rapper brasileiro passou por Braga e pôs os
estudantes minhotos em delírio. O cantor de hip-hop, que no
início da carreira era criticado por ser um rapper branco com
origens na classe média-alta, revisitou um pouco de toda a sua
vasta discografia e mostrou porque é agora respeitado em todo o
Brasil e um pouco por todo o mundo. Sem se limitar apenas a
cantar as músicas mais conhecidas da sua carreira, Gabriel esteve
quase duas horas em palco, recorrendo por duas vezes ao
improviso. Além disso, o rapper actuou algum tempo com o
tricórnio típico do traje da academia minhota e levou duas
estudantes ao palco para fazer a voz feminina de 2345meia78. Para
além deste tema, o artista brasileiro brindou ainda o público com
sucessos como Cachimbo da Paz, FDP, Retrato de Um Playboy ou
Festa da Música do Piniquim.
No final do espectáculo, o rapper carioca falou sobre a sua
passagem por Portugal, em particular sobre a actuação em Braga.
''Eu já estava optimista. Sabia que o público daqui [de Braga]
estava com uma expectativa boa e com um astral bom. O meu único
medo era a chuva'', revelou Gabriel em conferência de imprensa. A
chuva acabou por não cair e o brasileiro mostrou-se bastante
contente, ainda para mais quando se tratava de um concerto para
universitários.''Os estudantes são uma faixa muito boa, não pela
idade, mas pela época da vida. As pessoas estão com aquela sede
de discutir as ideias, de aprender, de saber. Há uma curiosidade,
uma energia, uma vontade de fazer as coisas, de viver, de
experimentar. Isso é muito vivo no universitário. Os estudantes
são um público especial'', transmitiu o brasileiro.

Quando questionado acerca da data do lançamento do próximo álbum
o músico revelou: ''Tem que ser para este ano?. O trabalho já
''está bem adiantado'', disse. ''Temos feitos alguns
samples
e já temos alguns convidados?, como por exemplo
o ''Sanfoneiro da Paraíba'' ou '' o Marcelinho da Lua que é
um Dj que está muito bem no Brasil'', adiantou. Relativamente às
influências do novo cd, Gabriel O Pensador revelou ainda que a
''base do trabalho vai ser um mistura entre a música brasileira,
música regional de alguns estilos diferentes com hip-hop, com a
linguagem do rap. Capoeira com hip-hop e coisas assim''.
Para além da música, o artista teve ainda tempo para conversar
sobre alguns assuntos que marcam a actualidade no Brasil e em que
o músico se costuma inspirar para criar as suas músicas. Um deles
teve a ver com o filme Tropa de Elite, uma película brasileira
que fez este ano furor e que descreve a forma o modo como a
polícia intervêm nas favelas. Instado a dar a sua opinião sobre o
filme e sobre a realidade criminosa do Rio de Janeiro, o artista
carioca disse que a realidade do Rio de Janeiro ''é triste?. Nas
favelas ?existe esse problema grave da droga e do poder que ela
movimenta. Realmente há um histórico de corrupção, de tortura e
de abusos. Eu moro lá e sei disso'', concluiu.
''Tocar para os estudantes ou actuar para os cotas ou
para os putos é sempre a mesma coisa''
Jorge Palma é já um dos nomes incontornáveis da música
portuguesa, um dinossauro dos palcos e dos bastidores da música
portuguesa, que não tem medo de errar porque já acertou muitas
vezes. Ainda a promover o último disco de originais, Vôo
Nocturno, o cantor lisboeta passou por Braga e voltou a dar um
concerto memorável, sem nunca perder o Norte, álbum este
considerado por muitos como o melhor trabalho do artista. Ainda
assim, Palma sentou-se ao piano e percorreu toda a sua ''Estrada
do Sucesso'', desde os êxitos mais antigos até ao mais recente
''Encosta-te a mim''.

No final, Palma falou em exclusivo ao UMdicas sobre o concerto no
Enterro da Gata. ''Nós estamos a curtir'', disse Palma. ''Tenho
uma grande banda. A gente está a tocar cada vez melhor e o resto
é conversa'', afirmou o cantor. Quando questionado sobre quais
são as diferenças entre actuar para um público de estudantes ou
para outro tipo de públicos, o autor de ''Dá-me Lume'' foi
peremptório: ''Tocar para os estudantes ou actuar para os cotas
ou para os putos é sempre a mesma coisa'' ironizou. ?Os
estudantes depois têm é outros códigos. Como é que é ''É
penalty!''. Antes da despedida, o artista teve ainda tempo para
dizer que está muito contente com o sucesso do trabalho Vôo
Nocturno. ''Já dura há um ano e ainda está nos tops o que é muito
bom'', rematou.
''Ai, Portugal, Portugal/ De que é que tu estás à espera'' / Tens
o pé numa galera/ E o outro no fundo do mar/''
Domingo - dia 2
James num ''dos melhores concertos no
Enterro''
O concerto da banda britânica James fica para a história como
um dos melhores concertos de sempre do Enterro da Gata. 25 mil
pessoas, segundo dados da organização, estiveram no novo
Gatódromo para ouvir os êxitos da banda de Manchester. A banda
portuguesa Linda Martini abriu o palco do Enterro.
As expectativas antes do concerto de James eram elevadas. Na
véspera, os mais pessimistas temiam e falavam no cancelamento
do concerto. No entanto, a banda britânica não faltou e a
academia minhota viveu uma noite inesquecível. Mesmo com o
vocalista Tim Booth limitado nos seus movimentos e usando
canadianas, devido a um acidente na véspera, a banda britânica
não desiludiu os milhares de fãs. Aliás, aproveitando esse
contratempo, o concerto iniciou ''Sit Down'', informou Tim
Booth durante o concerto.
Na assistência era possível encontrar várias gerações. Desde os
que acompanharam os primeiros sucessos de James, no início da
década de noventa, aos actuais seguidores da banda.
O concerto encerrou com a assistência e a banda britânica em
êxtase. Entoando em conjunto ''Getting Away with
it'',
''Sometimes'' e ''Laid'', a academia minhota e
James partilharam momentos memoráveis. Assim como começou o
concerto terminou. A assistência queria mais mas a necessidade
da banda apanhar um avião em Lisboa de madrugada impossibilitou
o prolongamento do concerto. Também não foi possível obter
declarações por parte dos elementos da banda devido à
necessidade de estes terem de viajar para a capital portuguesa.
O UMDicas falou com alguns alunos sobre os concertos da noite.
A estudante de Biologia Aplicada, Joana Silva, gostou bastante
do concerto. ''Só não esperava que ele viesse de muletas'',
revelou. ''Pode-se dizer que foi o melhor concerto, tirando os
do Quim Barreiros. Ninguém bate Quim Barreiros'', garantiu. Já
Jorge Mateus veio do Porto de propósito para ver James. ''Achei
muito bom o concerto mas infelizmente acabou rápido. É sempre
assim, quando são bons acabam logo'', lamentou o estudante da
cidade invicta.
James regressam a Portugal a 19 de Julho, para actuar no
festival Marés Vivas, em Gaia.
Aperitivo (Linda) Martini
Os portugueses Linda Martini estavam encarregues de abrir o
palco na noite em que James actuavam. Se para uns isso seria
motivo para muitos nervos, para a banda lisboeta não. ''Nós
queríamos e já conseguimos tocar antes de Sonic Youth'',
revelou Hélio Morais, baterista dos Linda Martini.
Morais afirmou, no final do concerto, que este ''correu bem''.
Apenas com o alinhamento do espectáculo definido ao jantar, a
banda de ''rock com os sufixos e prefixos'', procuraram ser
iguais a si próprios. ''Tocar um bocado de tudo, sem perder a
identidade.
Adoptando o nome de uma amiga italiana que fez Erasmus em
Portugal, a banda lisboeta começou a tocar junta em 2003. Ao
vivo apenas em 2005. ''Primeiro porque não tínhamos um nome e
depois porque demoramos muito a fazer a demo'', informou
Morais. Através do programa Portugália de Henrique Amaro, na
Antena3, os Linda Martini passaram a ser mais conhecidos dos
portugueses. Recentemente lançaram um EP com apenas 525 cópias,
intitulado ''Marsupial''.
Segunda - dia 3
''Quem bate palmas é do Minho!''
Foi esta frase que marcou o terceiro dia do Enterro da
Gata. O pregão dos estudantes minhotos começou com a
actuação da Tuna Universitária do Minho e percorreu toda a
noite de concertos, que contou ainda com a presença de Rita
de Redshoes e do cabeça de cartaz, David Fonseca. Depois de
dois dias de ameaça de chuva, a bátega chegou ao som de
Superstars. Ao invés da esperada debandada, os minhotos
mantiveram-se firmes em frente ao palco e responderam:
''Quem bate palmas é do Minho! É do Minho. É do Minho''.
A música ''é a banda sonora da vida das
pessoas''
''Nós fizemos muitos concertos nas queimas das fitas, mas o
que se passou aqui foi incrível'', referiu David Fonseca no
final do concerto, a propósito da persistência e entusiasmo
do público minhoto. ''Quando chove as pessoas que estão a
ver o espectáculo não ficam tão confortáveis e se não
arredam pé é sinal que estão a gostar muito'', acrescentou.
''As expectativas foram superadas'', concluiu.
A promover o terceiro álbum de originais, Dreams in Colour,
o ex-Silence Four, agora a solo, presenteou a plateia da
Alameda com um alinhamento recheado de novas músicas (Kiss
me, Oh Kiss me; Silent Void; This Raging Light), mas também
de antigos sucessos como The 80's ou Someone That Cannot
Love ou de êxitos dos Silence Four, como Angel Song. A
actuação só terminou depois do habitual ''Adeus, não
afastes os teus olhos dos meus''. Ao longo das quase duas
horas de espectáculo, o público encharcado não se cansou de
saltar e entoar os temas do músico de Leiria. Este facto
não passou indiferente a David Fonseca que revelou: ''De
todos os coros que eu ouvi em todas queimas, este era o
mais certeiro e mais participativo''.

Antes de se despedir de Braga, David Fonseca confessou
ainda que o público universitário é o seu favorito porque
os estudantes ''têm um conhecimento musical acima da
média'', mas também porque ''a música ocupa uma parte
gigantesca das suas vidas''. A música ''é a banda sonora da
vida das pessoas'', completou.
Rita passeou perfume vermelho
O dia de ontem não foi só especial para os estudantes. Rita
Redshoes apresentou-se em Braga, em frente ao portentoso
Estádio AXA, para fazer a sua estreia no Enterro da Gata. A
cantora, que faz parte da banda de David Fonseca, abriu as
hostilidades e mostrou porque é que o seu primeiro álbum,
Golden Era, é já um êxito. Quem não ficou muito contente
com o emergente sucesso da artista dos sapatos vermelhos
foi o seu ''padrinho''. David Fonseca. ''Eu tenho a melhor
banda que existe em Portugal e se ela sair será uma perda
gigantesca'', ironizou.
Apesar da curta carreira a solo e do ainda pequeno
reportório, a cantora proporcionou um bom espectáculo e
deixou a assistência impressionada. Dream on Girl ou Hey
Tom foram apenas alguns dos temas que já entraram no ouvido
e puseram o público minhoto a mexer.
Depois do concerto, Rita confessou aos jornalistas que
ficou impressionada com o público minhoto. ''O público aqui
é diferente do que vimos no Porto ou em Coimbra'' porque
''o espírito é diferente''. Segundo Rita, os minhotos ''são
mais atentos e mais ávidos de ver coisas novas''.
Terça - dia 4
Mind da Gap
''O rap está de saúde!''
O grupo que estreou o palco na terça-feira de Enterro
assume-se absolutamente bairrista, portista, portuense
e invicta, mas gostaram de actuar para o público jovem
do Minho. ''Estamos aqui a desempenhar a nossa missão
seja qual for o sítio. Durante todo o tempo que estamos
em palco damos o máximo, e hoje as pessoas
divertiram-se e sentiram prazer em nos ouvir (...) O
público reagiu bem, não estávamos à espera que
conhecessem todas as músicas, mas as mais carismáticas
as pessoas curtiram''
''O rap está de saúde'', é assim que o grupo analisa o
estado do hip-hop nacional.
Os Mind a Gap começaram a fazer música em 93 a lançar
discos em 95, e foram pioneiros. ''O pouco que havia
era em Lisboa, e nós conseguimos marcar a diferença.
Muitas bandas que começaram na mesma época já não
existem, mas nós continuamos cá e a fazer barulho''.
Rebeldes por natureza, os Mind da Gap, analisaram-se
enquanto grupo e pessoas nestes últimos 15 anos.
''Crescemos como pessoas nestes anos. Às vezes foi
difícil, mas nenhum de nós era o que é, senão
pertencesse a este grupo. Apesar de já não termos 20
anos, já temos obrigações e contas para pagar,
continuamos com o mesmo espírito, somos os mesmos
chanfrados e fiéis a nós próprios''.
Quando questionados sobre as mensagens que passam, Ace
diz que ''tinha vontade de dizer muito mais.'' As
mensagens são ''auto'' censuradas, porque apesar de
revolucionários, sabemos que Portugal é um país que
ainda não está preparado para ouvir certas coisas.''
Apesar de poderem ser mal entendidos, o grupo assume
que faz música para si próprio. ''O rap é uma coisa
difícil de entender e de gostar. Ser músicos é o que
nos preenche. Não temos a presunção de chegar até
todos, então tentamos agradar a nós próprios. Ouvimos
um leque variado de música negra, e é essa música que
nos inspira.''
O tema que trás sempre controvérsia no mundo artístico,
foi respondido pelo grupo de forma simples. ''A nossa
opinião em relação à música grátis é a melhor possível.
Como consumidores, é das maiores revoluções. (...) Como
músicos é ainda mais favorável, porque o que interessa
é que nos ouçam.'' Ironizam dizendo que ''se soubessem
a percentagem que ganhamos por disco vendido, era tão
ridículo, que vocês iam-se já embora, a achar-nos uns
palhaços.''
A comemorar o álbum de dez anos de sucessos, os Mind da
Gap, imaginam-se daqui a dez anos, ''felizes e com
saúde e em termos musicais, talvez ainda a fazer rap.''
Irmãos Verdades
'' A palavra kizomba é obrigatória na música
portuguesa''
O segundo grupo da noite conseguiu aquecer os muitos
estudantes que assistiram ao concerto debaixo de chuva.
''Foi uma surpresa ver que ninguém arredou pé.''
Os Irmãos Verdades deram os parabéns ao público do
Minho e mostraram-se orgulhosos do espectáculo.
''Sabíamos que a malta do norte é quente, que aderem
bastante a este tipo de músicas e sabem as letras. Foi
uma alegria!''
''Gostamos muito de actuar para o público
universitário. Este ano fez bastantes queimas e já
conseguimos cativar este grupo. Já sabem dançar kizomba
e tudo!''
Estão a comemorar dez anos de carreira, e com o
lançamento do novo álbum à porta, os Irmãos Verdades
falam do percurso da kizomba. ''Há dez anos atrás a
kizomba não era conhecida. (...) Mas agora os ritmos
angolanos já cativaram o público português. O que
custava era a música chegar às pessoas, mas agora com a
Internet, o YouTube e mesmo a comunicação social, é
muito mais fácil a divulgação. (...) As vendas sobem e
o ritmo é contagiante.
Sobre as letras românticas e os nomes de mulheres nas
suas músicas é explicado pelo facto de ''ao cantarmos
letras amorosas, chegamos mais rápido ao coração das
pessoas. Toda a gente já amou, já sofreu desilusões
amorosas, e toda a gente é romântica quando se
apaixona. O amor move o mundo, e a nossa música
romântica vai mover muita gente.''
Os Irmãos Verdades vieram para Portugal com cinco anos
e acompanharam o crescimento da música portuguesa.
Assim se percebe que a música deles seja ''um reflexo
da mistura de música afro-portuguesa''.
Por último e como curiosidade, quisemos saber porquê do
nome do grupo, ''pertencíamos todos à mesma família,
irmãos, primos'' e o nome de família é Verdades. Como
nos consideramos uma irmandade, nada melhor que Irmãos
Verdades''.
Quarta - dia 4
Quim abençoa monumental dilúvio
E ao quinto dia a tradição cumpriu-se. Após as
ameaças de temporal de segunda e terça-feira, um
dilúvio abateu-se, na quinta noite do Enterro da
Gata. Como habitual na academia minhota, na
quarta-feira do Enterro decorreu, de tarde, o
cortejo académico e a tradicional noite de música
popular portuguesa. Quim Barreiros não podia faltar
e, com ele em palco, a chuva parou até ao final da
noite.
Os concertos de Quim Barreiros seguem há vários
anos o mesmo alinhamento. Música portuguesa, do
autor ou popular, onde Quim Barreiros e a sua banda
divulgam a música tradicional. O público, esse,
está sempre disponível para Quim Barreiros. Mesmo
com a forte ameaça de chuva que se viveu, as
pessoas não arredaram pé para poderem entoar, com o
cantor, as tradicionais músicas populares
portuguesas.
Um concerto de Quim Barreiros nunca deixou de o ser
por causa da chuva. O cantor revelou que ''quando é
a minha altura de tocar, a chuva pára. Nunca deixei
de trabalhar por causa da chuva''.
Quim Barreiros gostou do concerto. ''Foi uma
festa bonita e eu fiz o que pode. Se estivesse uma
boa noite isto estava cheio'', afirmou o artista
português. ''O público académico, do norte ao sul
do país, é entusiasta. E hoje até não foi grande
vantagem da minha parte. Eles [público] estavam
cheios de frio e saltaram para aquecer'', brincou o
sempre bem-disposto artista vianense.
Sobre o novo recinto, Quim Barreiros entende que
este ''está bom''. O cantor, no entanto, revelou
que indicou à AAUM a necessidade de, no futuro,
salvaguardar a zona do público com uma barraca. ''A
nossa região é muito instável e basta uma daquelas
barracas que só tapam por cima. Se chover está tudo
bem e se não chover a malta está lá na mesma'',
garantiu.
Para o ano, se for convidado, Quim Barreiros volta.
Garantiu o cantor enquanto se despedia ''até à
recepção ao caloiro''.
Concerto ''Abariado'' antecede bênção de
Quim
Se há concertos insólitos, o que abriu a noite de
quarta-feira é disso um exemplo. A banda
bracarense, Neurónios Abariados, tocou para uma
assistência fiel, debaixo de um forte temporal.
''Foi um concerto um bocadinho ''abariado'' mas era
para ser mais'', revelou a banda no final do
concerto.
Jogando em casa, os Neurónios Abariados são
formados por membros da Azeituna, a banda não quis
desiludir quem assistiu ao concerto. ''Demos
aquelas pessoas os Neurónios Abariados. O que nós
somos. Tocamos e curtimos. Queríamos fazer um
concerto que tivesse algum impacto e, realmente, a
chuva estragou tudo. Temos de agradecer imenso às
pessoas que ficaram até ao fim'', afirmaram.
Na opinião dos Neurónios Abariados no novo recinto
as ''condições são muito melhores do que as do
anterior''. Para a banda, ''as pessoas são sempre
um bocadinho saudosistas'' e tem dificuldade em
mudar. Além disso, as pessoas já se tinham
afeiçoado ao outro espaço, mas ''sem dúvida que
quando as pessoas se habituarem a este, vão gostar
de certeza''.
Para os Neurónios Abariados, ''não é uma
responsabilidade abrir Quim Barreiros. Nós temos o
nosso estilo e o Quim tem o estilo dele'',
esclareceram.
Quarta - dia 4
Os Classificados
''No Minho não é só boa comida, público também!''
Os classificados não são, como se chegou a
pensar, a banda vencedora do UMplugged. É uma
banda relativamente recente, que gravou o
primeiro disco há duas semanas, e que tem agora
dois dos seus temas a tocar nas rádios nacionais.
Consideram que estão ''bem lançados, em termos de
comunicação está arrancar bem e vamos ter um
Verão quente, no festival marés vivas, a actuar
com os Prodigy por exemplo''.
Uma banda que se distingue pela tendência pop no
disco e rock ao vivo, fala da experiência
gratificante que foi actuar para o público do
Minho, '' tocar para muita gente é o sonho
de qualquer banda. Tocamos na queima de Coimbra,
mas aqui é diferente. As pessoas do norte
procuram divertir-se mais.''
''Sentimo-nos como peixes na água quando estamos
em cima do palco'', afirmam. Os músicos
conhecem-se há muito tempo e falam de ''química''
entre eles. ''A música para nós está acima de
tudo. É o nosso meio de comunicação, um processo
muito natural.''
Em relação ao disco lançado há duas semanas, Os
classificados dizem que ''o disco trata de
relações humanas, de comunicação. Os novos meios
de comunicação que as pessoas têm ao alcance.'' É
neste sentido que nasce o nome do grupo, ''daí o
nome Os Classificados, pois os anúncios são um
meio de comunicação bastante actual e reveladores
do que a nossa sociedade representa.''
Deixaram ainda a sua opinião sobre a música
actual, a música grátis, e os hábitos musicais
dos portugueses. ''A música está numa fase de
transformação. Estamos em cima da ponte e os
discos vão ser objectos de coleccionador. A
música vai acabar por se tornar legal através do
download.'' (...) ''Cada vez aparece melhores
músicos e bandas. O que é preciso é criar no
público o hábito ouvirem música e de saírem de
casa para ver concertos'', rematam.
Xutos e Pontapés
''O truque é gostarmos de viver!''
O grupo que não precisa de apresentações, e que
encerra ano após ano o Enterro da Gata, deu este
ano um dos melhores concertos de sempre, ''hoje
estávamos entrelaçados, demos um concerto muito
superior ao do Porto, foi muito bom.'' (...)
''Braga é sempre especial e sabemos que hoje
conseguimos proporcionar momentos de muita
alegria aos estudantes.''
Sobre as mudanças que este ano o Gatódromo
sofreu, Zé Pedro diz que ''actuar no Enterro é
sempre especial, já o fazemos há muitos anos, tem
um carisma muito grande, mas este ano, o Minho
apostou na qualidade. Sentimo-nos mais
confortáveis com o sítio e demos um concerto de
encher as medidas.''
Quando questionado sobre o truque de fazer o
público vibrar, Zé Pedro afirma que ''o truque é
gostarmos de viver. Aproveitamos muito bem a vida
que temos. Lutamos por ela e sabemos que é um
privilégio viver desta forma''.
Na primeira quinzena de Junho vão compor um
novo disco, ''em regime de colégio militar'',
como brinca Zé Pedro, para preparar os 30 anos.
Esperam terminar a tournée do próximo ano num
estádio de futebol em Lisboa, ''uma coisa em
grande''.
A tournée deste ano tem correspondido às
expectativas da banda, pois o que os Xutos gostam
é de ''andar na estrada. Alimenta-nos e
sentimo-nos confortáveis com essa vida.''
O que resume e define os 30 anos de Xutos e
Pontapés é ''uns rapazes que se juntaram para
tocar, que já não se guiam pelo sexo, drogas e
rock and roll, que vão crescendo, aperfeiçoando e
acompanhando os tempos.'' Zé Pedro remata dizendo
que ''enquanto tivermos vontade de trabalhar
juntos, podem esperar sempre o melhor de nós''.
Redacção