A fibra de lã está definitivamente na moda, e não são somente os cadernos de tendências para a próxima estação fria que o anuncia. O 2C2T e a Fiação da Graça fazem novas descobertas.
Uma dupla de "peso" - o mais importante centro de I&D têxtil
do país, o Centro de Ciência e Tecnologia Têxtil (2C2T) da
Universidade do Minho, e uma das emblemáticas fiações nacionais,
a Fiação da Graça (FDG) - está envolvida, desde Setembro de 2006,
no "Desenvolvimento de novos fios à base de lã para aplicações
inovadoras". Trata-se de um projecto com a duração de dois anos e
que está a ser financiado pelo programa Prime, através da medida
SIME IDT.
«Esta parceria pretende desenvolver fios funcionais com base na
fibra de lã, destinados a aplicações técnicas, em que normalmente
este tipo de fibra não é utilizado», explica Raul Fangueiro.
«Deste modo, as excelentes propriedades da fibra de lã,
principalmente no que concerne ao isolamento térmico, à
elasticidade, à absorção de líquidos e à boa tolerância ao calor
e à chama, serão aproveitadas para que, em mistura com outras
fibras, originem fios de grande valor tecnológico e com
propriedades de alta performance para aplicações distintas». A
complexa missão está a ser levada a cabo pelo grupo de Materiais
Fibrosos, dirigido por Raul Fangueiro e que conta com Filipe
Soutinho e Pedro Gonçalves como investigadores principais.
Na base do projecto esteve um estudo preliminar efectuado pelo
2C2T para a FDG, com vista à definição das áreas-chave para a
inovação no universo de aplicação das fibras de lã. «O projecto
actual comporta diversas actividades que vão desde um estudo de
mercado, até à produção dos fios técnicos, passando obviamente
pelo seu ensaio e certificação», explica Fangueiro. «Os
resultados finais permitirão à FDG evoluir para a área dos
têxteis técnicos, designadamente ao nível da melhoria dos
produtos actualmente produzidos pela empresa de fiação no que
concerne às suas funcionalidades, dirigindo-as, em parte, para
outras áreas de negócio fora da têxtil convencional, e ao nível
da produção de um novo portfólio de fios funcionais, dirigindo-os
para os sectores-chave de I&D na área têxtil, com diversas
aplicações high-tech». Por consequência, este inovador projecto
nacional, único no seu género, vai posicionar a FDG como uma das
raras empresas no Mundo que desenvolve e produz fio de lã para
aplicações técnicas.
O grupo de Materiais Fibrosos da Universidade do Minho apresenta
já uma larga tradição na investigação em consórcio com empresas
nacionais e estrangeiras, seguindo uma estratégia de aplicação
dos seus conhecimentos no desenvolvimento de produtos inovadores
que ajudem as empresas a posicionarem-se de forma ganhadora, num
mercado global cada vez mais competitivo. Sendo um grupo de
carácter multidisciplinar, dedicado à aplicação técnica de
materiais fibrosos, tem na colaboração com as empresas uma das
suas grandes bandeiras. «O presente projecto com a FDG é mais uma
forma de colocar todo o nosso potencial de investigação e
desenvolvimento ao serviço da indústria têxtil e de vestuário
portuguesa», conclui Raul Fangueiro.