A palestra de A. Coimbra Martins (antigo Ministro da Cultura), seguida de debate, inicia um ciclo de conferências sobre o séc. XX, organizado pelo Conselho de Curso de História, entre Maio e Dezembro de 2007.
Através desta iniciativa pretende-se construir e divulgar, sob
ângulos diversificados, um conhecimento original da História
recente, susceptível de contrariar o consumo rápido e inócuo de
«verdades feitas».
Breve notícia bibliográfica sobre o conferencista:
Membro fundador do Partido Socialista, em 1973, António Coimbra
Martins foi, após o Revolução de 25 de Abril de 1974, encarregado
de preparar a reintegração de Portugal na UNESCO. No desempenho
das funções de embaixador de Portugal em Paris (1974-1979),
destaca-se a sua intervenção na adesão de Portugal à Convenção
Cultural Europeia e no protocolo de restabelecimento de relações
diplomáticas Portugal/China, assinado em Paris, fulcral para o
futuro das relações diplomáticas, designadamente no que respeita
à resolução da questão de Macau.
De 1983 a 1985, foi Ministro da Cultura do IX Governo
Constitucional Português, o chamado governo do Bloco Central,
presidido por Mário Soares. No quadro da sua actividade política
destaca-se ainda o seu
desempenho como deputado europeu (1986-1994), tendo levado a
plenário o programa ERASMUS, principal malha da rede de
circulação de estudantes entre as universidades europeias.
As reflexões e o testemunho de Coimbra Martins sobre a vida
política portuguesa, antes e depois do 25 de Abril, têm como
registo principal, além de muitas colaborações na imprensa
periódica portuguesa e francesa, a obra Esperanças de Abril:
críticas e sátiras, discursos e depoimentos (Lisboa, 1981).
No plano da intervenção cultural, o nome de Coimbra Martins não
pode deixar de associar-se à criação do Centro Cultural de Paris.
A convite de Azeredo Perdigão, primeiro presidente da Fundação
Calouste Gulbenkian, lançou, em 1965, as bases da biblioteca e
das actividades do referido Centro, onde de forma intermitente
desempenhou as funções de bibliotecário, sub-director e director.
Como homem de letras, é autor de uma vasta e variada obra, com
estudos e ensaios sobre Diogo do Couto, Molière, Prévost, Bocage,
Castilho, Eça de Queirós, Gomes Leal, Fialho de Almeida, Sartre e
tantos outros. Recentemente tem dedicado parte da sua energia ao
mundo da espionagem e das relações diplomáticas entre Portugal, a
República de Vichy (França) e o III Reich (Alemanha), durante a
Segunda Guerra Mundial, sustentada em documentação inédita
conservada em arquivos portugueses e estrangeiros, designadamente
o arquivo do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês.
Em 2001, publicou na Universidade do Minho, na revista Cadernos
do Noroeste, 15 (1-2), Série História 1, do Centro de Ciências
Históricas e Sociais, o artigo "Bandeirinhas, incenso e gratidão.
Reacções em Portugal à capitulação do III Reich" e a transcrição
de um extraordinário documento da autoria do Vice-Cônsul francês
no Porto, E. Wernert, intitulado "Braga, cidade anti-francesa",
datado de 1945.