O ciclo de seminários "Tempo e Culturas" é multidisciplinar. Destina-se a promover o debate científico sobre a relação entre a cultura e os modos de usar e perceber o tempo. Também incentiva à aprendizagem de metodologias apropriadas ao estudo dos usos do tempo em diferentes sociedades.
Participa no primeiro seminário
Robert Levine
(http://psych.csufresno.edu/levine/)
que é Professor de psicologia na Universidade da Califórnia
e, fruto de um trabalho muito extenso de complementaridade com as
ciências exactas e sociais, desenvolveu um vasto trabalho sobre o
modo como diferentes contextos culturais tendem a produzir
diferentes padrões de concepção e de uso do tempo. Levine é neste
momento um dos investigadores mais requisitados nesta área,
sobretudo porque aplicou métodos inovadores nos estudos que
realizou num largo número e países. Escreveu vários livros sobre
o assunto, entre os quais ?
A Geography of Time
?. Depois de Richard Hall e de
Anthony Aveni, é um dos autores que mais proeminentemente estuda
e aborda a relação complexa e polémica entre o modo de usar e de
pensar o tempo e os padrões culturais de uma sociedade. Na
pesquisa sobre a relação entre tempo e qualidade/ritmo de vida,
Levine relaciona os modos de vida e os estados físicos mentais
dos indivíduos com uma série de variáveis características dos
ambientes geográficos em que os mesmos indivíduos residem. Por
exemplo, fala de cidades « rápidas » e de cidades
« lentas » mostrando que, conforme o local, os actos
mais ínfimos da vida quotidiana, como a frequência do uso do
relógio, variam em termos do índice de « ruído » da
própria localidade. Levine mostra-nos como é possível analisar a
qualidade de vida das populações a partir de um estudo sobre o
modo como entendem e usam o tempo e constrói índices muito
valiosos para essa análise.
No segundo seminário participam Jean-Marc Ramos e Manuela
Ivone Cunha.
Jean-Marc Ramos é professor na Universidade
deMontpellier.
É director da
Temporalités, uma das revistas científicas europeias mais
conceituadas na divulgação das pesquisas sobre os usos e as
concepções do tempo. Ramos trabalhou, em concreto, sobre os
padrões mais recentes dos franceses no que se refere aos modos de
usar e de perceber o tempo, tendo publicado vários artigos sobre
esta temática. Além disso, desenvolveu uma metodologia própria
para análise dos usos do tempo que começa a ser bastante
utilizada: o método Alceste.
Em anexo, infromações sobre programa e inscrições.
Manuela Ivone Cunha é professora na Universidade do
Minho
(secção de Antropologia). O tempo tem cruzado o
seu percurso académico destacando-se como uma das dimensões de
estudo na pesquisa que realizou em vários domínios. Neste
seminário Manuela Ivone debruça-se, em particular, sobre o
especial efeito do tempo organizacional de uma prisão sobre a
experiência de vida dos indivíduos que a habitam diariamente.