Realizou-se na UMinho nos dias 7 e 8 de Abril um seminário sobre a gestão do tempo de doutoramento com a presença de Carolyn Jackson, Penny Tinkler Frederico Matos e Emília Araújo. O principal objectivo do seminário foi promover o encontro de estudantes de doutoramento com investigadores que têm contribuído para desmistificar e desconstruir os processos doutorais.
Durante o seminário foram apresentadas e discutidas diversos
assuntos relativos ao desenrolar de uma tese de doutoramento,
dando especial evidência à apresentação e defesa oral da tese e
ao processo de redacção da mesma. Ficaram explícitas as
principais diferenças entre o processo doutoral no Reino Unido e
em Portugal, quer em termos de padrões de comportamento dos
orientados e dos orientadores no que respeita à realização do
doutoramento, quer no que concerne às medidas adoptadas nos
contextos das universidades e dos departamentos com o objectivo
de levar os doutorandos a realizar a tese no tempo programado. A
título de exemplo, no Reino Unido existem várias modalidades de
doutoramentos às quais correspondem diferentes patamares de
qualidade atingidos pelos candidatos. Além disso, que naquele
pais, onde a entrada na carreira académica só se faz depois da
realização do doutoramento, nem a defesa da tese é pública nem o
orientador tem um papel relevante na avaliação final do trabalho.
Não obstante as diferenças culturais tipicamente atribuídas aos
modos de funcionamento da academia, podemos concluir que as
ansiedades e os dilemas apontados pelos doutorandos no decurso da
realização das suas teses de doutoramento, nomeadamente a
respeito da gestão da incerteza e das relações de orientação,
assim como da organização do tempo, são bastante comuns aos
diversos contextos culturais e às diferentes áreas científicas.
Deste modo, foram referenciadas e propostas algumas medidas de
intervenção, quer ao nível organizacional (como a realização de
simulações de defesas de tese, exigência de realização de
apresentações orais e entrega de artigos) quer ao nível pessoal
(como a definição de espaços e de tempos dedicados exclusivamente
à preparação da tese). Nunca sendo assumida uma relação causal e
evidente entre qualquer uma destas medidas e a redução/controlo
do tempo, ficou clara a necessidade de desmistificar o
doutoramento, retirando-lhe a carga psicológica de que, por
vezes, se reveste e a qual é impeditiva de uma experiência
saudável nesta fase da formação. Já com esse objectivo foram
tratadas dimensões que normalmente afectam quer a preparação,
quer a apresentação das teses. Entre estas estão as competências,
os conteúdos sobre os quais versam as teses e o estilo de
pergunta manifesto pelos arguentes.
Dado o interesse demonstrado pelos participantes e
aproveitando-se a investigação que tem vindo a ser conduzida
neste sentido, a organização pondera a realização, num futuro
próximo e com o apoio do GAQUE, de outros seminários nos quais
pessoas já doutoradas possam partilhar as suas histórias com
doutorandos.
Emília Rodrigues Araújo