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Academia, De 07.04.2006 a 08.04.2006
Workshop - Gestão do tempo de doutoramento
UMinho
Realizou-se na UMinho nos dias 7 e 8 de Abril um seminário sobre a gestão do tempo de doutoramento com a presença de Carolyn Jackson, Penny Tinkler Frederico Matos e Emília Araújo. O principal objectivo do seminário foi promover o encontro de estudantes de doutoramento com investigadores que têm contribuído para desmistificar e desconstruir os processos doutorais.
Durante o seminário foram apresentadas e discutidas diversos assuntos relativos ao desenrolar de uma tese de doutoramento, dando especial evidência à apresentação e defesa oral da tese e ao processo de redacção da mesma. Ficaram explícitas as principais diferenças entre o processo doutoral no Reino Unido e em Portugal, quer em termos de padrões de comportamento dos orientados e dos orientadores no que respeita à realização do doutoramento, quer no que concerne às medidas adoptadas nos contextos das universidades e dos departamentos com o objectivo de levar os doutorandos a realizar a tese no tempo programado. A título de exemplo, no Reino Unido existem várias modalidades de doutoramentos às quais correspondem diferentes patamares de qualidade atingidos pelos candidatos. Além disso, que naquele pais, onde a entrada na carreira académica só se faz depois da realização do doutoramento, nem a defesa da tese é pública nem o orientador tem um papel relevante na avaliação final do trabalho.
Não obstante as diferenças culturais tipicamente atribuídas aos modos de funcionamento da academia, podemos concluir que as ansiedades e os dilemas apontados pelos doutorandos no decurso da realização das suas teses de doutoramento, nomeadamente a respeito da gestão da incerteza e das relações de orientação, assim como da organização do tempo, são bastante comuns aos diversos contextos culturais e às diferentes áreas científicas. Deste modo, foram referenciadas e propostas algumas medidas de intervenção, quer ao nível organizacional (como a realização de simulações de defesas de tese, exigência de realização de apresentações orais e entrega de artigos) quer ao nível pessoal (como a definição de espaços e de tempos dedicados exclusivamente à preparação da tese). Nunca sendo assumida uma relação causal e evidente entre qualquer uma destas medidas e a redução/controlo do tempo, ficou clara a necessidade de desmistificar o doutoramento, retirando-lhe a carga psicológica de que, por vezes, se reveste e a qual é impeditiva de uma experiência saudável nesta fase da formação. Já com esse objectivo foram tratadas dimensões que normalmente afectam quer a preparação, quer a apresentação das teses. Entre estas estão as competências, os conteúdos sobre os quais versam as teses e o estilo de pergunta manifesto pelos arguentes.  
Dado o interesse demonstrado pelos participantes e aproveitando-se a investigação que tem vindo a ser conduzida neste sentido, a organização pondera a realização, num futuro próximo e com o apoio do GAQUE, de outros seminários nos quais pessoas já doutoradas possam partilhar as suas histórias com doutorandos.
Emília Rodrigues Araújo
Arquivo de 2006