O Complexo Desportivo Universitário da UMinho em Gualtar, transformou-se no passado dia 29, num grande centro de solidariedade, onde imperou a ajuda em prol do próximo e a Responsabilidade Social da Academia Minhota esteve ao mais alto nível.
A Universidade do Minho (UMinho) através dos Serviços de Acção
Social da UMinho (SASUM) e a Associação Académica da Universidade
do Minho (AAUMinho), realizaram a primeira fase das duas
iniciativas anuais de Dádivas de Sangue e Recolha de Sangue para
Análise de Medula. Esta acção que se divide pelos dois pólos da
UMinho (Gualtar e Azurém), finalizará esta 1ª fase com a
realização das dádivas em Azurém no próximo dia 5 de Abril.
A UMinho tem já um longo historial no que toca às dádivas de
sangue. Desde 2001 que elas se realizam nesta academia, sendo que
a partir de 2003 surgiu também a cooperação com o Centro de
Histocompatibilidade do Norte, realizando-se conjuntamente as
dádivas de sangue e a recolha de sangue para análise de medula.
"Vem dar sangue por solidariedade - Hoje ele, amanhã tu!!!"
Pela primeira vez o ano passado, a AGDESP (Associação de Gestores
do Desporto no Ensino Superior de Portugal) propôs a cooperação
entre as várias instituições do ensino superior em Portugal, para
a realização de uma Semana Nacional de Dádivas de Sangue, que
teve como intuito reunir as academias e associações do ensino
superior em redor do projecto "Responsabilidade
Social das Instituições de Ensino Superior".
A
experiência provou, pelo sucesso conseguido, que tem pernas para
andar e o objectivo, segundo o Presidente da AGDESP "é que estas
acções sejam adoptadas por grande parte das instituições de
ensino superior em Portugal". Estas são atitudes que não são
apenas necessárias, mas essenciais na sociedade em que estamos
inseridos. Hoje em dia, dar sangue é cada vez mais importante. A
necessidade é cada vez maior. O sangue é um bem escasso,
fabricado apenas pelo ser humano, por isso quem dele precisa,
depende do gesto de cada um nós. Assim este ano de 27 a 6 de
Abril está a decorrer a II Semana Nacional de Dádivas de Sangue,
à qual aderiram a Universidade do Minho (UMinho), conseguindo um
total de 398 dádivas, a Universidade de Lisboa com 68 dádivas e o
Instituto Politécnico da Guarda (IPGuarda) com 46, sendo que a
UMinho continua a liderar o Ranking Nacional de Dádivas de
Sangue.
29 de Março - Dia de Solidariedade na
UMinho
Sob o lema "Fazer a diferença entre a Vida e a
Morte"
, a UMinho lançou o apelo à sua comunidade, que é
por tradição muito solidária. Como nos disse a Dr.ª Ofélia Alves
(Centro Regional de Sangue do Porto), "os jovens da UMinho são
muito generosos, a mobilização aqui é sempre muito grande, vêm
uns e incentivam os outros", ideia confirmada pelo Sérgio (5º ano
de Matemática e Ciência de Computação) "Da primeira vez que vim
foi por influência de alguns amigos que já estavam habituados a
participar em iniciativas destas e que me trouxeram até cá. Agora
tento sempre trazer os colegas para se tornarem dadores", também
a influência dos amigos foi a causa da Mafalda (Comunicação
Social) ter-se iniciado como dadora "estou aqui por influência de
amigos, mas o importante é que estou aqui.".
Na UMinho, a grande maioria das dádivas provém de estudantes do
sexo feminino
Apesar da contrariedade do tempo que se fez sentir, a comunidade
académica não deixou de comparecer, dando um grande contributo
aqueles que mais necessitam. Como nos disse a Ana Catarina, aluna
de Direito, quando lhe perguntamos o que a levou a dar sangue "O
gesto é rápido e demonstra preocupação pelos outros. Dar sangue
é, assim, um gesto de vida, verdadeiramente essencial, porque
alguns minutos perdidos na nossa vida podem ser suficientes para
salvar outras".
A opinião era unânime entre os alunos, salvar vidas é o principal
objectivo que leva os estudantes da UMinho a dar sangue. Segundo
uma das responsáveis do IPSangue, "a procura das instituições de
ensino superior para fazer as colheitas, deve-se a que estes são
locais privilegiados, pois para além da grande maioria da
população ser jovem, são pessoas muito receptivas a estas acções,
muito generosas, e são sobretudo locais onde poderemos incutir e
criar hábitos de doação que sustentarão o futuro das dádivas no
nosso país ".
Na UMinho foram muitos os que colocarem as suas veias à
disposição do próximo, mais uma vez foi notória a boa vontade da
comunidade académica, e as provas de solidariedade foram muitas.
Como podemos constatar de entre a maioria de reincidentes, como
foi o caso do Armindo (funcionário dos Serviços de Acção Social
da Universidade do Minho), "Já dei sangue 26 vezes, sempre
no hospital de S. Marcos. Como ouvi falar desta iniciativa
resolvi vir cá. A última vez que dei sangue foi há nove meses,
por isso resolvi vir cá fazer a minha dádiva". Na UMinho aferimos
que existe muita gente já com bons hábitos de doação, "Já tive
algumas experiências aqui na universidade. Participo nestas
iniciativas de doação de sangue há cerca de dois anos" (Sérgio,
matemática e ciências da computação - 5ºano).
Mais uma aluna da UMinho a dar voz à solidariedade e à
consciência civica.
De entre os reincidentes, também foram muitos aqueles que
responderam ao apelo pela primeira vez, "Esta foi a primeira vez
que tive oportunidade, embora quisesse fazê-lo à mais tempo."
(Filipa, economia - 3ºano).
Tudo isto vem de encontro ao objectivo da UMinho e do IPSangue,
que pretendem não só cativar novos dadores, como fidelizar
aqueles que já costumam dar sangue. A Academia Minhota está
rodeada de um público jovem e a realização da acção no Complexo
Desportivo propicia para além de juventude, pessoas saudáveis,
que praticam desporto na instituição. Com isto e como nos diz um
dos técnicos do Departamento de Desporto e Cultura, Nuno Catarino
"esta acção propicia o rejuvenescimento da lista da dadores,
porque há pessoas que devido à idade ou saúde deixam de dar", por
isso com pessoas jovens o futuro dos bancos de sangue fica
garantido, pois são pessoas que terão muitas mais probabilidades
de poderem dar sangue bom e por muito mais tempo.
AAUMinho e SASUM mais uma vez de mãos dadas em prol de causas
humanitárias.
No saldo final contabilizaram-se 398 dadores inscritos, números
que em muito contribuem, como nos diz a Drª Ofélia Alves "o nosso
país já não tem falta de sangue". Para que isto acontecesse e
continue, é preciso que iniciativas como esta continuem a
fomentar-se, para que as dádivas continuem a crescer e que as
fileiras de dadores voluntários não fiquem mais magras.
E os louros desta conquista da auto-suficiência revertem,
em grande parte, para quem estende o braço e dá o seu sangue.
Pessoas como a Joana (Engenharia Biológica), que se esforçou para
vir fazer a sua dádiva "Vim a correr para chegar aqui antes das
seis".
A disponibilidade e vontade de participar neste género de
iniciativas era bem visível em todos os participantes "vou tentar
vir mesmo quando já não estiver na universidade, penso vir cá
sempre que possível." (Sérgio, Matemática e Ciências de
Computação), vontade também afirmada pela Joana (Engenharia
Biológica), "Estou disposta a colaborar sempre que possível,
sempre que tiver hipótese venho cá, no entanto já me informei no
hospital da minha zona de residência". A unanimidade quanto à
importância da iniciativa não deixou dúvidas, "são muito úteis
estas iniciativas na universidade. Torna-se mais fácil criar o
hábito." (Maria, Engenharia Biomédica)
Dadores de Medula são ainda uma fragilidade do
mundo!
Em simultâneo com as dádivas de sangue e como já vem sendo
habitual desde 2003, realizou-se também a recolha de sangue para
análise de medula. Com esta acção foi alcançado também um grande
contributo para o Centro de Histocompatibilidade da Região Norte,
os 129 dadores de medula conseguidos vão reforçar, não só a base
de dados nacional, como internacional e assim ampliar as
possibilidades de serem encontrados dadores compatíveis para os
muitos doentes que se encontram à espera de alguém que lhe dê a
oportunidade de viver. A falta de dadores de medula óssea é ainda
uma realidade, como afirmou uma das técnicas de Centro de
Histocompatibilidade, "apesar da base de dados de dadores de
medula ser extensa, a probabilidade de serem compatíveis com os
doentes é muito pouca, por isso quantos mais houverem, maior será
essa possibilidade de se encontrar alguém". O norte do país é dos
que mais contribui para esta base de dados, só no norte existem
10 000 dadores de medula, números muito elevados, mas apesar
disso muitos mais são necessários devido à dificuldade de
compatibilidade.
A vontade de ajudar da comunidade da UMinho é muita "estou
inscrita na lista de dadores de medula e ser for chamada
responderei afirmativamente. Não tenho receio, embora saiba que
muita gente o tem. Há informação acerca disso, basta as pessoas
procurarem e penso que deixarão de o ter" (Filipa, Aluna de
Economia). Mas existe ainda muito desconhecimento do que
realmente significa ser dador de medula "só descobri o que era
ser dador de medula quando aqui cheguei, informaram-me e aceitei
fazer doação" (Vera, Comunicação Social), a pouca informação foi
também atestada pelo Carlos, "Há pouca informação, mas
esclarecem-nos logo que chegamos cá. Fiquei na lista de dadores
de medula logo da primeira vez que vim doar sangue".
Pequenos tubos contendo grandes esperanças de vida...
O receio é outro dos contras, muita gente tem medo, pois
confundem espinal-medula com medula óssea, o que é algo
completamente diferente. Ser dador de medula óssea é hoje
equivalente a ser dador de sangue. É importante esclarecer
que a transplantação de células da medula óssea não envolve
actualmente qualquer procedimento cirúrgico. Ao contrário do que
acontecia há alguns anos, tanto a colheita como o transplante de
medula não são processos dolorosos.
Uma vez identificado o
dador, as células são recolhidas através de uma colheita especial
de sangue e fornecidas ao doente como uma vulgar transfusão.
A UMinho com o apoio da sua comunidade, transforma estas
campanhas sempre num sucesso, os números demonstram isso mesmo.
Criar o hábito da doação de sangue na comunidade universitária e
renovar a lista de dadores foram os principais objectivos desta
iniciativa, que é já uma tradição na academia minhota.
Para a semana, dia 5 de Abril, aqueles que não tiveram a
oportunidade, podem fazer a sua dádiva no Complexo Desportivo
Universitário de Azurém, iniciativa que os responsáveis pela
organização esperam ser novamente um grande êxito, para que o
objectivo de 2006, que é chegar às 1500 dádivas, seja
concretizado.
Ana Marques
Ana Luísa Rego